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Brasile: Lula comemora atuação na OMC



Presidente diz que, depois da reunião de Cancún, o Brasil deixou de ser
tratado como ''pequeno''

Gilberto de Souza  gsouza@jb.com.br
http://jbonline.terra.com.br/

João Paulo Engelbrecht

 ''Nós resolvemos deixar de ser tratados como pequenos. Até porque ninguém
respeita quem vai negociar com a cabeça baixa.''
Na abertura da 17ª feira do setor de supermercados, ontem no Rio, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atrasado exatos 46 minutos para a
solenidade, comemorou a posição de liderança do Brasil no grupo dos 22
países em desenvolvimento, durante a reunião da Organização Mundial do
Comércio, encerrada domingo, no México.
- Nós resolvemos deixar de ser tratados como pequenos. Até porque ninguém
respeita quem vai negociar com a cabeça baixa - afirmou.
Apesar de a reunião ter acabado sem qualquer avanço nas negociações, Lula
fez uma avaliação muito positiva do encontro.
- O que aconteceu em Cancún é uma novidade extraordinária na nossa relação
com o mundo desenvolvido. Tivemos um tento excepcional. Não conseguimos
aprovar o que queríamos, mas não foi permitido aprovar o que a União
Européia e os EUA desejavam, que era consolidar a política de subsídios -
afirmou Lula.
O presidente elogiou a atuação dos ministros Luiz Fernando Furlan, do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Celso Amorim, das Relações
Exteriores; e Roberto Rodrigues, da Agricultura. Aproveitou para, sem citar
nomes, espetar uma farpa no ex-chanceler Celso Lafer, que, no ano passado,
foi obrigado a tirar os sapatos ao ser revistado em aeroportos dos EUA.
- Ninguém respeita quem tira os sapatos no aeroporto. Então, por favor, um
ministro de Estado não pode tirar o sapato em país nenhum. Se tirar, já
perdeu 50% do seu valor moral e ético - repreendeu.
Ainda em relação à OMC, Lula disse que respeito é fundamental para que as
negociações prossigam em alto nível.
- Achamos que respeito é bom e gostamos muito. Respeitamos todo mundo, mas
queremos ser respeitados. Não aceitamos a idéia de sermos tratados como
seres humanos de um país em que as pessoas são inferiores.
Junto com países da América do Sul, China, Índia, Nigéria, África do Sul e
Argélia, o Brasil ajudou a consolidar o Grupo dos Países em
Desenvolvimento - que começou a reunião com 21 membros e terminou com 22 -
''para uma luta política e comercial com os chamados blocos desenvolvidos,
sobretudo EUA e União Européia'', disse.
- Em nenhum momento estamos querendo qualquer benefício ou privilégio. Não
pedimos nenhum favor. O que os países em desenvolvimento querem é uma
política de comércio exterior na qual sejamos tratados com igualdade.
Na próxima reunião da OMC, ainda este ano, o presidente prometeu completar
''o restante da briga'' e espera receber o apoio de outros países em
desenvolvimento.
- Quem sabe não sejamos apenas mais 21, mas 25, 26, 30... Uma força política
capaz de fazer com que sejamos ouvidos pelos países que têm hoje um poder
econômico, de comércio, maior do que o dos países em desenvolvimento -
calculou.
Depois de pedir que a produção da solenidade acendesse a luz do auditório,
que reunia cerca de 2 mil pessoas, para que ele pudesse ver o rosto de cada
um na platéia, Lula anunciou uma série de visitas a países africanos e do
Oriente Médio, onde vai buscar novos negócios.