Un senza terra dalla Palestina




Intervista a Mario Lill del MST  nel quartier generale di Arafat -
Correio da Cidadania - 6 aprile 2002
L'intervista è stata rilasciata il giorno 3 aprile.
Lill descrive la drammatica situazione dei territori e di Ramallah in
particolare,  ritiene che la delegazione internazionale presente al
fianco di Arafat sia molto importante per la sua sopravvivenza, dice che
Arafat parla con loro continuamente di pace, della sua volontà di
sedersi e negoziare con Israele e con l'ONU, della necessità  di un
intervento internazionale per sbloccare  l'aggressione del    terrorismo
di Stato di Israele e del gesto che lui ha fatto di consegna della
bandiera del MST, per dimostrare la solidarietà con la Palestina dei
senza terra brasiliani.  Il ministro degli esteri brasiliano ha
commentato che Lill avrebbe dovuto consegnare la bandiera del Brasile.
Perché non viene qui il nostro ambasciatore - dice Mario Lill - a
prendere ufficialmente posizione a nome del paese?  Io sono qui a
rappresentare un movimento sociale.

         Israel está fazendo um verdadeiro terrorismo de
          Estado aqui na Palestina, diz sem terra Mário Lill

                                                Por Beatriz Pasqualino



                O Correio publica abaixo uma entrevista exclusiva com
Mário Lill,
            representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra na
         comitiva da Via Campesina na cidade de Ramallah, na Palestina,
onde, junto
               a 35 estrangeiros, demonstra sua solidariedade ao povo
palestino.

        Correio: Como está a situação, atualmente, na Palestina,
        com a pesada ofensiva das tropas de Israel?

        Mário Lill: A situação está muito ruim aqui em Ramallah. A
ofensiva militar
        israelense é muito forte e é considerada a maior desde 1967. Os
soldados
        israelenses estão ignorando todas as convenções internacionais
da guerra,
        como a Convenção de Genebra e Convenção da ONU. Eles estão
invadindo e
        matando os feridos dentro dos hospitais e depois ateando fogo
nos prédios.
        Além disso, as ambulâncias continuam impossibilitadas de
recolher os
        mortos e feridos nas ruas. Fala-se em mais de 200 mortos em
Ramallah. A
        situação é muito tensa, tendo em vista que há uma ofensiva em
todos os
        povoados ocupados. Povoado por povoado, estão matando gente em
todas as
        regiões da Palestina. Aqui em Ramallah, o Palácio Presidencial,
que é o
        Quartel General de Arafat, está totalmente cercado desde
quinta-feira,
        dia 28/03, por mais de 30 tanques. Há uma movimentação
constante,
        principalmente de madrugada, quando ameaçam entrar no quartel.
Desde
        domingo, dia 31/03, entramos em um racionamento de alimentos e
de água,
        que estão bastante escassos. Porém, aqui dentro do QG, estamos
ainda
        numa situação bastante tranqüila e segura.

        Há um grupo de estrangeiros que está tentando desde ontem, dia
02/04,
        se deslocar até o Quartel General, mas está impossibilitado pela
força do
        exército nas ruas. Esse grupo também tentou ir até o hospital
geral que
        atende toda região de Ramallah, inclusive a Jordânia, mas o
grupo foi
        barrado. Havia, também, cônsules da Europa que estavam para vir
para cá,
        dia 2/04, mas não conseguiram. Estamos na expectativa de que
amanhã, dia
        04/04, um grupo de dez deputados e um cônsul francês venham ao
Palácio
        Presidencial para conversar conosco e com o presidente.

        Correio: Você percebe algum posicionamento do Brasil no
        conflito? Há alguma sinalização nesse sentido?

        ML: As informações que eu tive foram as de que o presidente
Cardoso se
        manifestou favorável à constituição de uma força internacional
pela paz, o
        que já seria uma coisa positiva. Soube, também, que três
deputados
        brasileiros estariam vindo para a Palestina para acompanhar a
situação, mas
        não tenho detalhes destas questões.

        Correio: Na sua opinião, o conflito é de origem religiosa
        ou política?

        ML: É de origem política. Não tem nada de religião por trás
desse conflito.
        É um conflito anti-histórico, estúpido, absurdo, que não tem
razões de
        existir. Os próprios palestinos não entendem. Domingo (31/03),
        segunda-feira (01/04) e terça-feira (02/04), estivemos com
Arafat e com
        os soldados, e percebemos que há uma ânsia, uma busca pela paz
constante.
        Arafat nos falou por muito tempo da ansiedade, da necessidade de
se
        encontrar uma saída pacífica. A paz interessa, segundo ele, não
apenas aos
        palestinos, mas também a Israel. Disse, ainda, estar disposto a
sentar-se a
        qualquer momento com Israel, com a ONU, para negociar a paz. Ele
coloca
        uma condição para essa negociação ao dizer: "nós queremos apenas
garantir,
        negociar nosso território, nossa pátria. Queremos educar os
nossos filhos
        em paz". Essa é a afirmação constante.

        Acredito que, para haver um processo de paz aqui, é necessária
uma
        intervenção internacional. Pela postura política de Sharon e
diante da raiva
        com que os soldados israelenses estão nessa ofensiva, acho
bastante difícil
        que seja possível uma paz sem a intervenção de forças
internacionais. O
        próprio quartel do Arafat, na minha avaliação, não foi destruído
totalmente
        e o próprio Arafat não foi preso ou morto até o momento por
causa da nossa  presença aqui. É, dessa forma, uma situação muito
complicada, e
        dificilmente terá uma saída pacífica sem uma intervenção
internacional
        maior.

        Correio: A foto em que você entrega uma bandeira do
        MST ao líder palestino Yasser Arafat foi publicada nos
        jornais brasileiros e teve grande repercussão no país. Qual
        o significado desse gesto?

        ML: O significado da entrega da bandeira é, primeiramente, uma
        demonstração de solidariedade do Movimento dos Sem Terra
brasileiro à
        causa palestina. Soube que o ministro das Relações Exteriores,
Celso
        Lafer, disse que eu deveria ter entregue a bandeira brasileira.
Queria,
        então, esclarecer que estou aqui representando um movimento
social. Os
        movimentos sociais se deram conta, antes do governo, da
gravidade da
        situação palestina. Por isso, entreguei a bandeira do movimento
social que
        eu represento. Existe, em Tel Aviv, uma embaixada brasileira que
tem a
        missão de fazer isso, de vir entregar a bandeira brasileira e
colocar
        oficialmente a posição do Brasil. Entendo que a minha tarefa,
enquanto
        movimento social, foi de prestar a solidariedade do povo sem
terra, o qual
        eu represento. O objetivo fundamental da entrega dessa bandeira
foi
        chamar atenção para a questão palestina.

        Considero que os palestinos têm o direito histórico reconhecido,
inclusive,
        pelas organizações mundiais, como a ONU, à pátria, a ter um
território.
        Esse direito tem que ser assegurado. Não se pode permitir que um
país
        como Israel se dê o direito de invadir, matar, destruir a base
econômica e
        social da Palestina, e ainda ficar dizendo para o mundo que está
combatendo
        o terrorismo. Israel está fazendo um verdadeiro terrorismo de
Estado,
        um genocídio político. Todos os governos do mundo têm o dever de
intervir
        para evitar um massacre histórico.