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Un senza terra dalla Palestina
- Subject: Un senza terra dalla Palestina
- From: Serena Romagnoli <md1042 at mclink.it>
- Date: Sat, 06 Apr 2002 09:13:23 +0200
- Organization: Comitato di appoggio MST www.citinv.it/associazioni/MST/
Intervista a Mario Lill del MST nel quartier generale di Arafat - Correio da Cidadania - 6 aprile 2002 L'intervista è stata rilasciata il giorno 3 aprile. Lill descrive la drammatica situazione dei territori e di Ramallah in particolare, ritiene che la delegazione internazionale presente al fianco di Arafat sia molto importante per la sua sopravvivenza, dice che Arafat parla con loro continuamente di pace, della sua volontà di sedersi e negoziare con Israele e con l'ONU, della necessità di un intervento internazionale per sbloccare l'aggressione del terrorismo di Stato di Israele e del gesto che lui ha fatto di consegna della bandiera del MST, per dimostrare la solidarietà con la Palestina dei senza terra brasiliani. Il ministro degli esteri brasiliano ha commentato che Lill avrebbe dovuto consegnare la bandiera del Brasile. Perché non viene qui il nostro ambasciatore - dice Mario Lill - a prendere ufficialmente posizione a nome del paese? Io sono qui a rappresentare un movimento sociale. Israel está fazendo um verdadeiro terrorismo de Estado aqui na Palestina, diz sem terra Mário Lill Por Beatriz Pasqualino O Correio publica abaixo uma entrevista exclusiva com Mário Lill, representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na comitiva da Via Campesina na cidade de Ramallah, na Palestina, onde, junto a 35 estrangeiros, demonstra sua solidariedade ao povo palestino. Correio: Como está a situação, atualmente, na Palestina, com a pesada ofensiva das tropas de Israel? Mário Lill: A situação está muito ruim aqui em Ramallah. A ofensiva militar israelense é muito forte e é considerada a maior desde 1967. Os soldados israelenses estão ignorando todas as convenções internacionais da guerra, como a Convenção de Genebra e Convenção da ONU. Eles estão invadindo e matando os feridos dentro dos hospitais e depois ateando fogo nos prédios. Além disso, as ambulâncias continuam impossibilitadas de recolher os mortos e feridos nas ruas. Fala-se em mais de 200 mortos em Ramallah. A situação é muito tensa, tendo em vista que há uma ofensiva em todos os povoados ocupados. Povoado por povoado, estão matando gente em todas as regiões da Palestina. Aqui em Ramallah, o Palácio Presidencial, que é o Quartel General de Arafat, está totalmente cercado desde quinta-feira, dia 28/03, por mais de 30 tanques. Há uma movimentação constante, principalmente de madrugada, quando ameaçam entrar no quartel. Desde domingo, dia 31/03, entramos em um racionamento de alimentos e de água, que estão bastante escassos. Porém, aqui dentro do QG, estamos ainda numa situação bastante tranqüila e segura. Há um grupo de estrangeiros que está tentando desde ontem, dia 02/04, se deslocar até o Quartel General, mas está impossibilitado pela força do exército nas ruas. Esse grupo também tentou ir até o hospital geral que atende toda região de Ramallah, inclusive a Jordânia, mas o grupo foi barrado. Havia, também, cônsules da Europa que estavam para vir para cá, dia 2/04, mas não conseguiram. Estamos na expectativa de que amanhã, dia 04/04, um grupo de dez deputados e um cônsul francês venham ao Palácio Presidencial para conversar conosco e com o presidente. Correio: Você percebe algum posicionamento do Brasil no conflito? Há alguma sinalização nesse sentido? ML: As informações que eu tive foram as de que o presidente Cardoso se manifestou favorável à constituição de uma força internacional pela paz, o que já seria uma coisa positiva. Soube, também, que três deputados brasileiros estariam vindo para a Palestina para acompanhar a situação, mas não tenho detalhes destas questões. Correio: Na sua opinião, o conflito é de origem religiosa ou política? ML: É de origem política. Não tem nada de religião por trás desse conflito. É um conflito anti-histórico, estúpido, absurdo, que não tem razões de existir. Os próprios palestinos não entendem. Domingo (31/03), segunda-feira (01/04) e terça-feira (02/04), estivemos com Arafat e com os soldados, e percebemos que há uma ânsia, uma busca pela paz constante. Arafat nos falou por muito tempo da ansiedade, da necessidade de se encontrar uma saída pacífica. A paz interessa, segundo ele, não apenas aos palestinos, mas também a Israel. Disse, ainda, estar disposto a sentar-se a qualquer momento com Israel, com a ONU, para negociar a paz. Ele coloca uma condição para essa negociação ao dizer: "nós queremos apenas garantir, negociar nosso território, nossa pátria. Queremos educar os nossos filhos em paz". Essa é a afirmação constante. Acredito que, para haver um processo de paz aqui, é necessária uma intervenção internacional. Pela postura política de Sharon e diante da raiva com que os soldados israelenses estão nessa ofensiva, acho bastante difícil que seja possível uma paz sem a intervenção de forças internacionais. O próprio quartel do Arafat, na minha avaliação, não foi destruído totalmente e o próprio Arafat não foi preso ou morto até o momento por causa da nossa presença aqui. É, dessa forma, uma situação muito complicada, e dificilmente terá uma saída pacífica sem uma intervenção internacional maior. Correio: A foto em que você entrega uma bandeira do MST ao líder palestino Yasser Arafat foi publicada nos jornais brasileiros e teve grande repercussão no país. Qual o significado desse gesto? ML: O significado da entrega da bandeira é, primeiramente, uma demonstração de solidariedade do Movimento dos Sem Terra brasileiro à causa palestina. Soube que o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, disse que eu deveria ter entregue a bandeira brasileira. Queria, então, esclarecer que estou aqui representando um movimento social. Os movimentos sociais se deram conta, antes do governo, da gravidade da situação palestina. Por isso, entreguei a bandeira do movimento social que eu represento. Existe, em Tel Aviv, uma embaixada brasileira que tem a missão de fazer isso, de vir entregar a bandeira brasileira e colocar oficialmente a posição do Brasil. Entendo que a minha tarefa, enquanto movimento social, foi de prestar a solidariedade do povo sem terra, o qual eu represento. O objetivo fundamental da entrega dessa bandeira foi chamar atenção para a questão palestina. Considero que os palestinos têm o direito histórico reconhecido, inclusive, pelas organizações mundiais, como a ONU, à pátria, a ter um território. Esse direito tem que ser assegurado. Não se pode permitir que um país como Israel se dê o direito de invadir, matar, destruir a base econômica e social da Palestina, e ainda ficar dizendo para o mundo que está combatendo o terrorismo. Israel está fazendo um verdadeiro terrorismo de Estado, um genocídio político. Todos os governos do mundo têm o dever de intervir para evitar um massacre histórico.
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