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Frei Bartolomeu de las Casa e la Campagna della fraternita' 2002 in Brasile, di Jelson Oliverira, CPT
- Subject: Frei Bartolomeu de las Casa e la Campagna della fraternita' 2002 in Brasile, di Jelson Oliverira, CPT
- From: Cristiano Morsolin <morsolin at yahoo.it>
- Date: Sat, 3 Nov 2001 00:23:49 +0100 (CET)
Invio questa riflessione di Jelson Oliveira della
Pastorale della terra sulla preparazione della
campagna della fraternita'del 2002 in Brasile.
Saluti latinoamericani
cristiano morsolin
Assunto: [Infodesarrollo] LAS CASAS E A CF 2002
Data: Tue, 23 Oct 2001 15:00:10 -0200 TODOS OS
DIREITOS PARA TODOS
Frei Bartolomeu de Las Casas e a Campanha da
Fraternidade 2002
*Jelson Oliveira
Nesta hora em que muitos de nós iniciamos os
preparativos para a Campanha da Fraternidade 2002, que
tem como tema a Fraternidade e os Povos Indígenas,
"por uma terra sem males", vale a pena resgatar a
importância de Frei Bartolomeu de Las Casas na
efetivação dos direitos dos povos indígenas na América
Latina. Se hoje, podemos falar em respeito, igualdade
e fraternidade em relação aos nossos irmãos e irmãs
indígenas, muito se deve ao testemunho deste frade
dominicano, considerado o primeiro padre da América.
Las Casas nasceu no ano de 1484 ouvindo o mar
de Sevilha, onde seu pai, pescador, retirava o
sustento da família. Em 1493 o menino assiste à grande
celebração do descobrimento da América, comemorada com
um grande desfile pelas ruas de de sua cidade natal. A
partir daí a América começa a ser uma presença forte
na sua vida: seu pai e os tios partem em setembro de
1493 pela segunda vez rumo às “Índias”, mas apenas em
1502, já com 18 anos Las Casas chega à América com seu
pai.
Vive aí os primeiros anos enquadrado nos
ditames de sua época. Mas pouco a pouco Las Casas vai
se dando conta do sistema de escravidão a que os
espanhóis submetiam os indígenas escravizados com o
fim de explorar o ouro e a riqueza das terras
americanas. Instalado como clérigo e colonizador em
Concepción de la Veja, torna-se clérigo dono de
encomienda, um pedaço de terra com autorização para
uso de escravos indígenas. Aí cultiva o solo e
entusiasma-se pelo trabalho agrícola. É ordenado padre
em data imprecisa, entre os anos de 1506-1507 e passa
a orgulhar-se do título de “primeiro padre da
América”.
Com a chegada dos frades dominicanos em 1510,
o bom padre e bom colonizador começa a admirar a
pobreza e o testemunho dos religiosos. E mais:
sente-se cada vez mais impelido às questões que dizem
respeito ao trato e à escravidão dos indígenas. Pouco
a pouco Las Casas vai se dando conta de que o
cristianismo lhe exigia uma opção radical a favor dos
direitos dos indígenas. O grito profético pronunciado
pela comunidade de São Domingos através de Frei
Antônio de Montesinos no quarto domingo da quaresma de
1511 foi o resultado de um longo tempo de
amadurecimento, reflexão e oração. A pequena igreja da
Ilha Espanhola estava repleta de gente, incluindo as
altas autoridades e os responsáveis pelo processo de
colonização e... Bartolomeu de Las Casas. Inspirado
pelo evangelho de João, que anuncia João Batista
pregando no deserto, o grito de Montesinos ressoa
através da tradição cristã e traz-nos até hoje o brado
de indignação: “estes não são seres humanos?” A
pergunta fere fundo. Desponta como uma faísca e
incendeia o coração de Las Casas, ao mesmo tempo em
que enfurece a maioria dos presentes. “Digam: com que
direito e com que justiça vocês mantêm estes índios em
tão cruel e horrível servidão? Com que autoridade
vocês têm feito guerras tão detestáveis contra esta
gente, que estava tranqüila e pacífica em suas terras?
(...) Não são vocês obrigados a amá-los como a vocês
mesmos?”. Não bastasse a indignação dos presentes, o
sermão fora repetido no domingo seguinte.
A conversão de Las Casas, entretanto, não foi
repentina, mas resultado de uma ruminação que já lhe
vinha ocorrendo e que agora, lhe atingira
definitivamente. A resposta à pergunta formulada
corajosamente pelos dominicanos passaria
necessariamente pela total conversão dos modos de
agir, pensar, viver e ser. Seria preciso abrir mão dos
privilégios, do status quo e angariar inimizades sem
limites. Como resultado desse processo pensado e
consistente de conversão, Las Casas “declara ter
optado pela verdade, pela coerência total, as
exigências do bem e a realidade da situação”, segundo
as palavras do dominicano Fr. Carlos Josaphat, em seu
livro sobre Las Casas (Loyola, 2000). E esta conversão
implicou a profissão de Las Casas à Ordem Dominicana,
que não só lhe acolhia individualmente, mas também com
quem passava a partilhar a indignação e a luta pelos
direitos dos indígenas. Faz profissão em 1524L: deixa
de ser encomendero e proprietário, para viver a
mendicância, a contemplação e a pregação de um mundo
novo.
A conversão de Las Casas não é um mero
acontecimento religioso dos primórdios da história da
América. Trata-se de um fato de primeiríssima grandeza
na luta pelos direitos humanos não só dos indígenas,
mas de todas as populações oprimidas. O frade
dominicano passa a dedicar-se a uma intensa luta
teórica (Las Casas escreveu importantes obras sobre a
história da América) e religiosa, que lhe dão as vigas
principais de seu projeto de libertação, instalando um
novo modelo de justiça e de direito, alheio às
formalidades e aos interesses dos colonizadores e
diretamente ligado aos anseios e sofrimentos do povo
americano. Esboça e afirma uma nova prática, pela qual
briga imensamente junto às instâncias de poder da
época, a fim de consagrar os direitos de todos para
todos.
Em 1544 Las Casas é nomeado bispo de Chiapas
à qual renuncia em 1550, 16 anos antes de sua morte em
Madri, aos 82 anos de idade. Seu compromisso com a
verdade e a justiça, Las Casas se instala na metrópole
para tentar convencer os responsáveis pelo processo de
colonização a respeito da necessidade de mudança.
Adquire inimigos, entre os quais destaca-se o cônego
de Córdoba, historiador e cronista da Corte, disputa
que se tornou célebre entre dois modelos de ler a
história e o evangelho.
O testemunho de Las Casas, tão rico em
detalhes e curiosidades, é um grande alento nesses
tempos em que somos convocados pela Igreja a olhar com
especial atenção para nossos irmãos e irmãs indígenas.
E esta é a primeira mensagem que trazemos de Las
Casas: eles são nossos irmãos e irmãs e por isso devem
ser tratados com dignidade e justiça. Aceitar uma
Campanha da Fraternidade sobre os Povos Indígenas é
aceitar o compromisso primeiro com esta premissa
básica, que sendo simples e aparentemente óbvia,
implica numa conversão concreta e mudança de valores.
Não se trata de santificar ou idealizar o indígena
como uma vítima. Não foi esta, jamais, a atitude de
Las Casas. Falar em direito implica necessariamente
aceitar o outro como ser humano dotado de direito, ou
seja, possuidor de todas as capacidades para vive-los
plenamente. Significa aceitar que a conversão deve ser
dos opressores e de nós mesmos, na medida em que não
reconhecemos suficientemente esta situação.
A CF 2002 é também um grito que queima fundo
no coração de todos/as nós e da sociedade brasileira
como um todo: “estes não são seres humanos?”.
Certamente ao gritar a favor dos indígenas, como o foi
com Las Casas, gritamos a favor de todas as minorias
oprimidas de nossa sociedade, que vivem em condições
subumanas, de miséria, violência e morte. Inspirados
no testemunho profético de Las Casas somos também
convidados agora a lutar por todos os direitos para
todos.
*Poeta, secretário executivo da CPT-PR e coordenador
nacional da Comissão de Justiça e Paz da Família
Dominicana no Brasil. É autor de RAÍZES, Memorial dos
Mártires da Terra. jelsono at softone.com.br
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