Congresso regionale Pastorale della Terra, (nordest2), in Brasile, inviato da Cristiano Morsolin



Hola' Peacelink,
Vi spedisco il documento finale del primo congresso regionale della
Pastorale della Terra, nordeste del Brasile, inviatomi da Alzeni Tomaz, giovane
coordinatrice generale.
Saluti di pace dall'america Latina
cristiano Morsolin : e-mail: utopiamo at yahoo.it

I Congresso Regional DA CPT Nordeste

Nós, nordestinos e nordestinas, reunidos no I Congresso Regional da CPT
NE, em preparação ao Congresso Nacional queremos partilhar com todos a
nossa caminhada  para acabar com o latifúndio.

Nossa história é marcada pela violência da cerca, da seca, dos
canaviais e das grandes fazendas de gados. O nosso Sonho  é  o sonho de João
Pedro Teixeira, Zumbi, Margarida e tantas outras pessoas : O Sonho da
Terra Livre!

Nossas ações revelam indignação de um povo historicamente
espoliado e excluído e que nunca se rendeu às leis do latifúndio. Do nosso
jeito  e com vista no Brasil, que nós queremos construir, em torno dos
temas Terra, Água e Direitos, estamos dando a nossa contribuição ao I
Congresso Nacional da CPT.

Recebam dos irmãos e  das irmãs do Regional Nordeste o forte abraço
desta Terra de Zumbi dos Palmares, recebam o abraço fraterno desta
sociedade que celebra os Direitos proclamados por Margarida Alves,  pela
República do Equador de Frei Caneca; Pelas Ligas Camponesas de João Pedro
Texeira; pela Igreja Libertadora de  Dom Hélder Câmara! 
Somos todos irmãos e irmãs!

TERRA :

CONSTATAÇÕES :

 Em toda a história brasileira, a reforma agrária somente avançou quando os trabalhadores se mobilizaram em massa, ocuparam terras
improdutivas e pressionaram os governos, lutando por terra, cidadania e justiça social. Essa luta precisa ser intensificada para enfrentar a repressão e os retrocessos do Governo Federal.
 O Governo FHC vem ampliando a repressão aos trabalhadores e
às suas organizações legítimas, tentando criminalizá-los, usando
enganosamente a mídia para confundir a sociedade e adotando medidas de proteção aos latifundiários, sem precedentes.
 A proibição de vistoriar terras ocupadas, a ameaça de
exclusão de trabalhadores dos assentamentos por participarem de ações
democraticamente organizadas e o cadastramento pelos correios representam
graves retrocessos e ofensas à Constituição
 Outra proteção inaceitável ao latifúndio, pelo Governo
FHC, é a renúncia à desapropriação, com a introdução da chamada
“reforma agrária de mercado”, patrocinando a compra indiscriminada
de terras improdutivas que devem ser desapropriadas.
 A política neo-liberal de FHC, com agenda definida pelos
interesses multinacionais, está inviabilizando a agricultura familiar e
realizando uma reforma agrária negativa, pois o número de trabalhadores que
estão sendo de assentados é bastante inferior aos pequenos agricultores
familiares que perderam as suas terras.

 A gravidade do momento exige que os movimentos sociais consigam
definir uma agenda comum mínima de enfrentamento aos adversários da
reforma agrária e dos trabalhadores sem-terra. A necessidade da ação
articulada deve ser superior às conhecidas divergências.

PROPOSIÇÕES

1. Reafirmar o compromisso com as lutas para acabar com o latifúndio. 
2. Combater a “reforma agrária de mercado” e todos os instrumentos
que tentam viabilizá-la: banco da terra, cédula da terra, crédito
fundiário, reforma agrária pelo correio, empreendedores sociais, as
portarias que criminalizam os movimentos sociais e as pessoas que participam de ações em prol de uma verdadeira reforma agrária. 
3. Dar continuidade às iniciativas já em curso: ocupações de
terra, órgãos públicos, prefeituras, bancos, bloqueio de BR's, saques de
alimentos e outras formas de lutas que venham somar esforços para acabar
com o latifúndio e contribuir na construção de um projeto popular. 
4. Reafirmamos o valor da agricultura familiar inspirada em diversas
formas de cooperação, na construção do mercado solidário, na defesa do
meio ambiente, na preservação da biodiversidade, no respeito à
cultura dos povos do campo. 
5. Intensificar a luta pelo crédito desburocratizado e subsidiado,
assistência técnica permanente, de qualidade e gratuita, para a agricultura
familiar. 
6. Investir na construção de uma pauta mínima dos movimentos
envolvidos com as lutas pela reforma agrária. 
7. Capacitar os trabalhadores / as para uma participação qualificada
na luta contra o latifúndio, no Poder Local (Câmara Municipal,
Conselhos,...), nas gestões de suas organizações representativas e / ou
associativas, na eficiência e transparência da administração de recursos.
8. Intensificar as ocupações de terras em áreas com concentração
de água.
 
ÁGUA

CONSTATAÇÕES :

 Nossos açudes, em sua maioria, estão em propriedade privada,
portanto,  nossa água está presa.
 Há uma luta pela captação da água de chuva através da
cisterna de placas.
 No NE, para tentar resolver o problema da seca, se criou a
cultura de construir grandes obras, que já se mostraram inviáveis
socialmente, economicamente e, muitas vezes, tecnicamente.
 A água surge com uma importância nova em todo o planeta e
projeta-se para o futuro a escassez, a privatização e a transformação
da água em mercadoria.

PROPOSIÇÕES

 Trabalhar a captação das águas de chuva, incentivando a
aplicação de tecnologias apropriadas e tornando isso uma luta por
política publica de convivência com a seca.
 Criar uma cultura de preservação e recuperação dos
mananciais,  educando os trabalhadores para o gerenciamento e uso racional das
águas.
 Todas as regiões devem preservar seus mananciais, pois a situação atinge a todos.
 Incentivar a  participação nos comitês de bacia, pois o
controle das águas passa pelos mesmos. 
 Intensificar a luta por 1 milhão de cisternas.
 Nossa posição é  terminantemente contra a transposição
do São Francisco, por vir da tradição das grandes obras sem resolver
o problema do povo, bem como toda e qualquer privatização das águas.
 A CPT propõe encaminhar a CNBB uma proposta de Campanha da
Fraternidade sobre água.
 Incentivar audiências paralelas contrárias à
transposição do Rio S. Francisco e desmobilizar as audiências oficiais.

D I R E I T O S

CONSTATAÇÕES : 

 . Existem muitos direitos e pouca justiça, que é negada pelo Poder
Judiciário.

. A fonte do direito do homem e da mulher é a vida e é este o
princípio fundamental para a consolidação do Estado Democrático de Direito.

. A reforma agrária é uma forma de resgate da cidadania para o homem e
a mulher do campo.

. Os direitos são conquistados no cotidiano e somente serão
alcançados através da luta e da manifestação de massas.

. Há uma banalização das agressões aos Direitos Humanos na
sociedade, inclusive nos acampamentos e assentamentos, principalmente através
das diversas formas de preconceitos e demais violências.

. A sociedade desconhece seus direitos, o que juntamente com a
repressão, inibe as iniciativas de reivindicação. 

. Os transgênicos representam uma grande ameaça ao meio ambiente e aos
seres humanos. Contudo não há grandes mobilizações sistemáticas
entre as organizações sociais no Brasil que objetive o combate ao
cultivo e a comercialização dos transgênicos, que apenas interessa a
grandes multinacionais do setor agrícola.

. A MP 2027 e a portaria ministerial 62/01 são instrumentos de proteção ao latifúndio e representa a criminalização e satanização
dos movimentos populares e dos trabalhadores inseridos na luta.


PROPOSIÇÕES  :

. Fomentar e articular uma luta nacional e internacional, com os diversos
setores da sociedade, contra a MP 2027 e a portaria ministerial 62/01,
massificando as mobilizações e utilizando instrumentos de pressões e jurídicos para combatê-los.

. Criar um plano nacional com ações sistemáticas de combate à violência no campo, com elaboração de cartilhas específicas e promoção de cursos que capacitem e orientem os trabalhadores e trabalhadoras
sobre os Direitos Humanos em sua universalidade e estratégias de ação
contra todas as formas de violência.

. Estimular o debate na sociedade e articular diversas formas de luta para
o combate ao cultivo e ao consumo dos transgênicos.

Paulista, 05 de maio de 2001.
As 150 Pessoas Participantes do I Congresso da CPT Regional Nordeste