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I: sem comentário
- Subject: I: sem comentário
- From: "Marina Beccuti" <marina.b at inrete.it>
- Date: Tue, 23 May 2000 23:05:20 +0200
Giro questa mail che mi è arrivata. Non è stata tradotta, ma credo sia interessante per chi conosce il portoghese. Saluti. Marina > O Popular - http://www.opopular.com.br/ > Goiânia, 15/05/2000 > > - Tabela de preços no submundo das ruas varia conforme fantasia sexual do > cliente e a fome dos meninos. > > - Menores revelam que entre seus clientes estão autoridades e pessoas de > classe alta. Antes do sexo, são obrigados a tomar banho para se limpar. > > Carla Borges > > Quando estava se prostituindo em Goiânia, antes de voltar para a casa dos > pais, no interior do Maranhão, A.A., 16, recebia de 150 a 200 reais por > programa. Todos os seus clientes - homens, mulheres e casais - eram da alta > sociedade. A. até dava aulas de strip-tease em casa, "só para mulheres > casadas". Outra adolescente, W., 14, chegou ao SOS Criança na tarde de > quinta-feira, depois de aceitar fazer um programa por 20 reais com um homem > de bicicleta, que a convidou para ir a um matagal. Ela foi agredida e acabou > socorrida por duas pessoas que passavam próximo ao local. A variação de > preços cobrados pelos programas é normal. Crianças de rua, meninas e > meninos, aceitam satisfazer fantasias sexuais de seus clientes por até 50 > centavos quando têm muita fome. > > Mais do que revelar a existência de uma tabela diferenciada de preços na > prostituição infanto-juvenil na capital, os vários depoimentos dessa > reportagem - todos registrados nos arquivos do SOS Criança e muitos > confirmados pessoalmente a O POPULAR - mostram que crianças ainda com o > corpo em formação continuam sendo flagrantemente exploradas em locais que > vão desde lotes baldios a luxuosos hotéis e motéis, apesar de medidas de > proteção tomadas pela Fundação Municipal de Desenvolvimento Comunitário > (Fumdec); pela polícia, que criou a Equipe de Proteção ao Adolescente e à > Criança (Epac); e pelo Juizado da Infância e da Juventude, sem contar as > investigações feitas pelo Ministério Público, que chegaram a levar alguns > acusados para a cadeia. Nenhum foi condenado. > > Clientes > > Os relatos das menores também revelam o perfil dos exploradores. A > adolescente C.P., 16 anos, por exemplo, veio do Maranhão para Goiânia em > outubro do ano passado para morar com as irmãs, trazida por um amigo da > família, funcionário do Senado Federal. C.P. conta que fez vários programas > com o servidor federal e quer receber os 800 reais que ele lhe deve. "Eu me > senti um objeto. Quero que ele pague, senão posso denunciá-lo e ele será > preso", diz a garota. Com o dinheiro da prostituição, ela se mantém em > Goiânia. Chegou a alugar um quarto no Setor Nova Suíça. Os programas custam > de 20 a 50 reais "conforme os desejos sexuais do homem", explica. O programa > mais caro pode incluir sexo oral e anal, além da manipulação de objetos > eróticos, variando de acordo com o grau de perversão do cliente. > > Ampla experiência aos 13 anos > > Já a história de C.L. é o retrato acabado e chocante do que acontece no > esquema da prostituição de crianças nas ruas de Goiânia. Ela tem apenas 13 > anos, vem de uma família totalmente desestruturada e já domina todos os > códigos do submundo em que vive. A menina mora em um bairro pobre da Região > Noroeste de Goiânia com a mãe, uma irmã de 7 anos, o irmão E., de 17, e o > padrasto. O primeiro atendimento de C.L. no SOS foi em 1995. Em 1997, ela > foi novamente levada, por comissários do Juizado da Infância, quando relatou > que o padrasto constantemente tentava agarrá-la à força. A conselheira > tutelar que visitou sua casa constatou o desequilíbrio e alertou que C.L. e > a irmã estavam mendigando e se iniciando na prostituição. > > No último atendimento, em 20 de abril último, C.L. foi levada ao SOS pelo > Epac. Ela estava em Campinas, nas proximidades do extinto Dergo - que ainda > é o principal ponto de prostituição infantil em Goiânia. A menina contou que > foi ao local naquele dia porque precisava de 140 reais, mas quando foi > abordada já havia conseguido juntar 500 reais, procedentes de 16 programas > feitos desde o início daquela tarde. Quando percebeu a aproximação dos > policiais, ainda teve tempo de entregar o dinheiro a um travesti que é > namorado de seu irmão. > > Como se fosse uma adulta experiente no mercado do sexo, C.L. disse que já > tem clientes certos, mencionando policiais, de soldados a delegados, que lhe > apresentam mais homens, até da polícia federal. C.L. ri dos riscos que corre > com a prostituição e ao revelar atividades de clientes. "Não estou nem aí, > eu quero é ganhar dinheiro. Por dinheiro faço sexo de qualquer jeito. Se eu > tiver uma filha, também vai fazer programas, não tenho medo de pegar doenças > ou morrer", diz. Para não esquecer: C.L. tem apenas 13 anos! > > Grupo de quase 20 meninos cria ponto no Setor Oeste > > A prostituição infantil não é uma exclusividade das meninas. Os garotos > também são assediados, principalmente por homens de classe média e até mesmo > por freqüentadores e funcionários de estabelecimentos comerciais do Centro, > do Setor Oeste e de Campinas. "A maior dificuldade é que os meninos nunca > admitem, a não ser em casos de violência sexual flagrante", explica a > coordenadora do SOS Criança, Juciene Carlos de Oliveira. > > "Eles se sentem humilhados em relatar esses casos", observa. Mesmo com a > relutância dos menores em admitir que realizam programas, os educadores > sociais, todos experientes, sabem identificar quando eles estão se > prostituindo e acabam ouvindo conversas entre eles. > > Educadores da Casa 24 Horas, outra unidade da Fumdec, contam que há um grupo > de quase 20 adolescentes fazendo programas nas imediações do Lago das Rosas > e da Praça Tamandaré, no Setor Oeste. "Os meninos normalmente são buscados > nesses pontos por homens de boa aparência, em carros novos. Levados para o > local do encontro, os clientes mandam eles tomarem banho e tirar as roupas > sujas para consumar a relação", observa uma educadora do SOS Criança. > "Normalmente eles ganham 50 centavos ou 1 real. Quando chega a 2 reais, o > programa foi muito bem pago. Quando chegam a nos contar essas coisas, eles > dizem que estavam com fome", prossegue a educadora. > > Um dos casos mais dramáticos envolvendo a exploração de meninos aconteceu no > final de 1998 com o menor C., na época com apenas 11 anos. Ele foi abordado > por um homem na Avenida Goiás, que ofereceu 10 reais pelo programa. O > "cliente" violentou sexualmente o menino e fugiu sem pagar. O próprio C. > procurou o SOS Criança, onde chegou com sangramento anal intenso. Exame de > corpo de delito do Instituto Médico Legal (IML) confirmou a violência > sexual. Para O POPULAR, inicialmente C. negou o abuso sofrido, dizendo que a > vítima seria um suposto irmão gêmeo, mas depois admitiu a agressão. > > Garota de 14 anos recorre à prostituição para manter filho > > S.S. tem 14 anos, é mãe de um bebê de 1 ano e está no segundo mês de > gestação do segundo filho. A primeira gravidez resultou de um estupro que > ela sofreu quando morava na Bahia, praticado por um homem de 42 anos. A > menina veio para Goiânia, trabalhou como babá e logo começou a se > prostituir. S. não sabe o paradeiro dos parentes. O padrasto sumiu com a mãe > e ela ficou sozinha. Todos os dias freqüenta as imediações do Dergo. Sai com > casais, homens e mulheres. "Não sei o paradeiro de meus parentes nem quero > saber", diz. S., que é uma das poucas menores que se prostituem e não usam > drogas, conta que paga 20 reais para uma menina ficar com seu filho enquanto > está fora. Com o dinheiro que ganha, faz as despesas da casa. > > Juciene Carlos, coordenadora do SOS Criança, revela que muitas adolescentes > chegam na unidade levadas por clientes em carros novos, vários deles > importados. "O SOS é para elas um porto seguro", define a coordenadora. > Outras chegam com cartões dos clientes. Freqüentemente, depois de receber > alguma ligação dos educadores, os exploradores mudam o número do telefone. > Os exploradores, aliás, não são apenas os clientes, mas também os donos dos > estabelecimentos que as garotas freqüentam com seus parceiros. V., 16 anos, > conta que recebe 15 reais por programa, mas fica apenas com 10. Os 5 reais > restantes vão para o dono do quarto. A., 17, relata que 75% do valor dos > programas que faz - ela cobra 50 reais por hora - ficam com o proprietário > da casa. > > Lei > > Na época das investigações do Ministério Público e da formação de uma > Comissão Especial de Inquérito, pela Câmara Municipal de Goiânia, foi > aprovada uma lei de autoria da vereadora Olívia Vieira, que prevê a cassação > do alvará de funcionamento dos estabelecimentos comerciais que abrigam > menores nessa situação. Entretanto, muitos dos pontos de prostituição > levantados na época por uma equipe do serviço reservado da Polícia Militar, > que trabalhava para o Ministério Público, continuam funcionando e sendo > freqüentados pelas menores em plena luz do dia. As instituições de proteção > a crianças e adolescentes estão atuando, abordando os menores em locais > suspeitos de prostituição e levando-os para as unidades de assistência, mas > eles voltam aos pontos. > > Os educadores estão especialmente preocupados com o aumento no número de > casos durante a exposição agropecuária, a exemplo de anos anteriores. Mas as > entidades de atendimento, entre elas o SOS Criança, não têm dados sobre o > número de crianças e adolescentes se prostituindo. Qualquer levantamento com > base nos arquivos revelaria um número bem menor do que o real. "A grande > maioria não admite a prostituição", diz Juciene. Todos os casos são > enviados, por meio de relatório, ao Centro de Apoio à Infância e à > Adolescência do MP e as crianças, quando os educadores conseguem > convencê-las, recebem assistência psicológica. > _________________________________ > Alessandro Vigilante > alex at ongba.org.br >
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