ELEZIONI IN BRASILE L’adesione dei movimenti popolari alla candidatura di Lula A cura di Cristiano Morsolin* e Alzenì Tomaz* Il prossimo 6 ottobre il popolo brasiliano eleggerà il nuovo Presidente della Repubblica. Per la quarta volta si candida Inacio Lula da Silva, ex sindacalista, oppositore alla dittatura militare, fondatore nel 1980 del Partito del Lavoratori PT che ha cambiato la storia delle classi lavoratrici nel paese più grande dell’America Latina. Lula è in testa ai sondaggi grazie al massiccio appoggio dei movimenti popolari, articolati nella Consulta Popular, nella Centrale dei movimenti, che insieme alla Conferenza dei vescovi del Brasile CNBB, alla Commissione "Giustizia e Pace", alla Centrale Unica dei Lavoratori CUT, al Movimento dei Senza Terra MST, la prima settimana di settembre ha organizzato il plebiscito sull’ALCA (l’Area di libero commercio delle Americhe): un no chiaro alla colonizzazione economica e culturale degli Stati Uniti è stato ripetuto dieci milioni di volte. Lula ha organizzato una campagna elettorale moderata ( e per questo criticata anche dal Movimento dei Sem Terra); va comunque ricordata la drammatica situazione che attanaglia il gigante carioca. Il Brasile, malgrado sia l’ottava potenza economica del mondo, ha un debito estero di 178.000 milioni di dollari e soprattutto una disuguaglianza sociale spaventosa che lo porta ad occupare solo il 70° posto nella classifica dello sviluppo umano. Il 10% più ricco dei brasiliani controlla il 50% del reddito nazionale mentre il 50% più povero deve accontentarsi dell’11% e un quinto della popolazione è ridotta alla fame. La riforma agraria, richiesta da decenni, è una delle questioni cruciali che il nuovo presidente carioca dovrà affrontare. Questo panorama generale in prospettiva di un cambiamento "storico" ci viene dipinto da Alzenì Tomaz, 31 anni,
Conosco Alzenì dal 1990 quando mi recai nel sertao nordestino a 600 km. da Recife nell’ambito di uno scambio tra la pastorale giovanile della Diocesi di Vicenza e la PJMP (la Pastorale giovanile dell’ambiente popolare) della diocesi di Afogados de Ingazeira.
La tenacia e la passione per la vita che animano la militanza di Alzeni ci consentono di leggere dal basso questa sfida intrapresa con la candidatura di Lula.
1 ottobre 2002
*Cristiano Morsolin, 30 anni, giornalista militante ed educatore di strada recentemente rientrato in Italia dopo un anno di condivisione con i ragazzi/e lavoratori organizzati nei Movimenti NATs dell’America Latina; dopo varie esperienze a Vicenza, a Palermo, a Roma, a Rio de Janeiro e a Salvador do Bahia (Brasile), a Ibarra e Quito (Ecuador), a Lima (Perù), attualmente lavora nella segreteria nazionale della rete ITALIANATs a Cantù (CO) ed è socio dell’Associazione "Nats" con sede a Bologna.
E-mail :
morsolindo2002@yahoo.it*Alzeni Tomaz, 31 anni, coordinatrice della Commissione Pastorale della Terra CPT del Nordest 2 (che comprende 6 stati federali del Brasile), collaboratrice di Dom Francisco Astrogesilo de Mesquita Filho (fratello vescovo di Dom Helder Camara), minacciata di morte per la sua militanza in difesa dei senza-terra.
SEM MEDO DE SER FELIZ.
Alzení Tomáz
(Membro da Coordenação da Comissão Pastoral da Terra).
CPT Pernambuco – Brasil)
O dia 06 de outubro se apresenta em forma de encontro marcado para todos os cidadãos e cidadãs brasileiros/as, que vem aguardando com ansiedade. É’ hora de votar. Talvez como nunca, o futuro do país depende de como vamos votar neste dia. Daí a responsabilidade que pesa sobre cada eleitor.
Ninguém mais tem dúvida de que o próximo governo precisará empreender uma mudança significativa de rumo. A realidade vai se impor. O Brasil precisará encontrar uma saída para superar o seu endividamento que já estrangula a administração pública. Precisará retomar o caminho do desenvolvimento para viabilizar o crescimento da economia nacional. Só assim será possível enfrentar a violência que está crescendo de modo assustador, e superar a situação de miséria e de fome que atinge um número cada vez maior de brasileiros.
Ninguém vai resolver isto sozinho. Precisamos estar preparados para colaborar com os eleitos. Vamos votar para deputado federal, deputado estadual, dois senadores, governador e presidente. Há uma coerência de votos, que cada eleitor deve costurar por conta dele, se é que queremos ser responsáveis por aquilo que estamos fazendo nesta eleição.
De nada valerá a política, se ela não vier resolver este primeiro desafio que o Brasil precisa enfrentar: acabar com a fome e a miséria de quase 50 milhões de brasileiros. O Brasil precisa ser um país onde o povo possa viver. Para isso, uma verdeira Reforma Agrária se faz urgente.
A segunda prioridade continua a primeira: garantir os direitos humanos a toda a população. Para isto, os recursos públicos devem ter sua primeira destinação no atendimento às necessidades básicas da saúde, educação, moradia, transporte, segurança e lazer. O Brasil precisa ser um país onde o povo possa viver com dignidade.
A terceira prioridade é para garantir as duas primeiras: o Brasil precisa ter um projeto de desenvolvimento sustentável, para respeitar e integrar a natureza, valorizar as capacidades do povo, e dar oportunidade de trabalho a todos os brasileiros.
Isto é, o Brasil precisa ser um país onde o povo possa viver com dignidade e responsabilidade, sendo sujeito de sua história e do seu futuro.
É hora de reacendermos a esperança de, finalmente, ganharmos a batalha maior. Vencer a miséria e a fome. Superar a triste colocação de vice campeões mundiais em injustas desigualdades sociais.
Todos os que deram palpite sobre a escalação dos atletas têm agora a oportunidade de decidir, de verdade, quem vai ser escalado para funções muitos mais vitais que o futebol. A responsabilidade desta escalação é de todos nós, eleitores.
Nesse momento da história do Brasil, é importante que a sociedade brasileira se organize em torno dos ideais nacionais. Nosso manifesto é o de um povo que sonha com uma pátria, e com um sentimento nacional que nos aproxime do espírito que deve permear uma nação. Estamos cansados e envergonhados de nossa fama de país sem cultura, sem seriedade, sem sentimento pátrio, sem metas definidas que combinem com o perfil de nosso território, e cheios de notícias sobre corrupção.
Queremos uma política econômica compatível com nosso potencial energético, com nossa pujança, e que faça justiça a todos quantos trabalham honestamente neste país. Queremos o despertar cívico nos corações de patrões e empregados, que juntos possam vislumbrar os interesses soberanos de uma nação verdadeiramente livre e independente. Queremos que nossos jovens possam alimentar em seus corações a esperança daqueles que confiam no estudo e no trabalho, como meio impar de se alcançar a plena cidadania.
Uma esperança que possa alcançar os olhares cansados das crianças que mendigam para sobreviver, ou alimentam-se nos aterros sanitários. Uma esperança que possa trazer ânimo aos nossos velhos, que apesar de estarem vivendo mais, somente acumulam perdas em suas aposentadorias corroídas. Se novos empregos não forem gerados, breve não haverá dinheiro para pagamento das aposentadorias. A cada ano, 2 milhões de jovens precisariam estar conquistando o primeiro emprego, e contribuindo com a previdência social.
Precisamos que o Brasil seja passado a limpo, para que todos os que roubaram os cofres públicos federais, estaduais, ou municipais, sejam exemplarmente punidos como ladrões comuns que são. Nossos filhos não podem continuar convivendo com a impunidade, com os maus exemplos diariamente anunciados, e com a impunidade daqueles que lesaram o país em benefício próprio, sob pena de perderem ainda mais a crença na justiça, na ordem pública, e no futuro incerto que o atual quadro apresenta.
O neoliberalismo capitalista com sua visão globalizante, esqueceu-se de que um país jovem como o Brasil não pode abrir suas portas aos interesses de economias poderosas. Enquanto as privatizações cavalgam a passos largos, também aumenta uma economia informal que somente interessa aos países onde são produzidos os itens que adentram por nossas fronteiras mal fiscalizadas. Os governantes que passaram até hoje no Brasil, são desta desastrosa política que exclui a maioria de nosso povo, pois, estão jogando o país no abismo da violência, do desemprego, da marginalidade, e dos mais elevados índices de corrupção institucionalizada.
O Brasil precisa de brasileiros em seu governo. Precisa de homens, mulheres, jovens e crianças, e também daqueles que podem nos passar suas experiências adquiridas ao longo da vida, todos com uma mesma visão nacionalista. Nós cremos que seja possível recuperar o tempo perdido com o abandono aos investimentos em setores como o ferroviário, hidrelétrico, agropecuário, tecnológico, e tantos outros que combinam com o perfil da terra que Deus nos deu para administrar.
Cremos que o Brasil pode ser o celeiro do mundo, ao mesmo tempo em que suas belezas naturais possam render milhões de dólares trazidos pelas mãos de turistas, sendo ambos os setores altamente geradores de empregos diretos e indiretos. Cremos em soluções nacionais que nos levem a retomar o crescimento econômico, pagando nossas dívidas, e adquirindo o respeito hoje perdido por conta dos interesses de um grupo numericamente minoritário, mas infinitamente mais rico que a grande maioria da população brasileira.
Nós queremos um Brasil onde não mais se fale em mortalidade infantil, em analfabetismo, em venda de votos, crime organizado, corrupção institucional, contrabando e narcotráfico, da forma corriqueira com que hoje se ouve falar. Queremos um Brasil onde a esperança do emprego e do salário justo, possa substituir as ofertas do crime, hoje mais organizado que a maior parcela do poder público nacional. Um Brasil onde não mais se ouça falar diariamente em poder paralelo, desafiando a capacidade de organização da sociedade brasileira.
Queremos um Brasil onde os investimentos em setores públicos como a saúde, o transporte, e a educação, não percam para os investimentos milionários das campanhas políticas demagógicas. Um Brasil governado por brasileiros, no sentido nacionalista da palavra, e não apenas civil. Um Brasil que saiba agradecer
e imitar, o trabalho de todos os que deixando seus países de origem, para cá vieram com a esperança de poder ajudar a construir uma nova e soberana nação. Isto faz do Brasil uma nação impar. Temos gente de todas as partes do planeta. Talvez por essa razão somos amados à distância por todos quantos miscigenaram seu sangue com o nosso sangue nativo.
O mundo espera do Brasil muito mais do que até agora demonstramos com nossas ações governamentais de interesses norte americanos. O mundo espera do Brasil uma resposta que venha do coração das bases de sua gente cansada, e desejosa de verdadeira mudança nos rumos administrativos nacionais. O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever. Que pela lei, ou pela espada, esta pátria possa ser viabilizada, consolidada, e verdadeiramente amada por seus filhos hoje incrédulos e sem esperanças. Que as cores do Pavilhão Nacional sejam motivo de orgulho, não apenas face a conquistas esportivas, mas sobretudo face às conquistas sociais que nossa gente almeja.
No dia 06 de outubro próximo, estará diante de nossos olhos, e ao alcance de nossas mãos, o cívico instrumento do voto secreto. Que cada um de nós brasileiros e brasileiras estaremos pensando nos interesses soberanos do Brasil. Pensando especialmente na tão sonhada soberania nacional, com verdadeira independência política, social, e econômica.
Nós, da Comissão Pastoral da Terra, estamos na luta pela Reforma Agrária no Brasil e contra a Violência no Campo, por isso, reconhecemos com alegria, que o projeto da Classe Trabalhadora pode ser vencedor. Esse é um momento histórico, são sinais dos tempos que estão acontecendo hoje em nosso país, sinais que, sob diversos aspectos, vêm sendo objeto da reflexão e da ação de todos que vêem lutando por justiça.
O 1o sinal é a surpreendente ascensão do povo brasileiro, através de inúmeras organizações populares do campo e da cidade, de camponeses, de quilombolas, de trabalhadores urbanos, de mulheres e de índios. O Brasil está mudando! O 2o sinal está no consenso e na convergência da maioria destas organizações das bases populares na perspectiva de levar o Lula, desta vez, à presidência da República. É este povo que está promovendo o Lula. Hoje este povo em ascensão tem consciência de que não é o Lula o salvador da Pátria. Mas, é este povo que compreende que o Lula representa o instrumento que vai fazer valer o nosso sonho de um país justo e soberano.
Com efeito, a relação deste povo em ascensão com o Lula candidato não é mais a velha relação da massa com o Messias que irrompe de repente como Salvador da Pátria. É a nova relação do povo organizado com um companheiro julgado identificado com este povo por nascimento, mas sobretudo por opção. Lula é um companheiro lúcido, capaz e solidário, que é visto como podendo levar a mudança para dentro do aparelho do Estado, fazendo deste Estado o indispensável instrumento de serviço ao povo. A grande expectativa é, sem dúvida, a conquista do Estado historicamente privatizado pelas elites desde o Brasil colônia, Estado que foi oferecido à venda no mercado internacional, encontra-se enfraquecido diante do poder supremo econômico, porém muito forte como criminalizidor e repressor da oposição e da rebeldia populares. Basta ver o que aconteceu com as marchas dos sem-terra, o que aconteceu na histórica marcha dos povos indígenas do Brasil.
Este povo organizado quer mesmo o Lula ocupando o Estado de fato e de direito. É, portanto, um povo que não se opõe pura e simplesmente ao Estado. Opõe-se, e com indignação, ao Estado apropriado pelas Elites, seja pelo domínio direto seja pelas alianças de todos na mesma canoa. Opõe-se iredutivelemente ao Estado-Império, aquele que ambiciona atualmente dominar o mundo todo e não tolera, nem permite a ascensão popular, como esta, em nenhum país da América Latina.
Finalmente, nós da CPT, reconhecemos que o Lula, representa o Projeto da Construção do Brasil que nós queremos, pois ele será o instrumento para defender o povo pobre de nosso país. Lula é a estrela de esperança nascida no bojo destes novos e alvissareiros sinais dos nossos tempos.
PER TRADUZIONE: vedi www.selvas.org/Brazil2002.html
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Cristiano Morsolin
Educatore di strada e giornalista militante
Educador de calle y periodista militante
E-mail: utopiamo@yahoo.it
Pagina web: www.selvas.org