Speciale AMAZZONIA do BRASIL: a cura di Cristiano Morsolin da Rio de Janeiro



SPECIALE AMAZZONIA do BRASIL

 

                                 Cristiano Morsolin*

 

L-anno vecchio si é concluso con l-anniversario di Chico Mendes, martire dell-Amazzonia.

Il governo dello Stato dell-ACRE ha consegnato il 24 dicembre il premio CHICO MENDES DE FLORESTANIA al lider indigeno Joaquim Yanawawa, all-antropologo Anthony Gross, fondatore dell-Istituto Socio Ambientale ISA (www.isa.org.br ) e alla Ministra dell-Ambiente, Marina Silva, che é rimasta l-unica voce del Governo Lula che ha mantenuto una linea profetica, manteniendo il suo impegno in difesa di uno sviluppo equo e sostenibile per l-Amazzonia, il polmone verde della Terra.

 

La ministra Marina Silva era compagna di Chico Mendes fin dalla fondazione della CUT – Centrale Unica dei Lavoratori dell-Acre nel 1984.

Qualche lettore italiano l-avra incontrata al Foro Sociale Mondiale di Porto Alegre del gennaio 2003.

 

Marina è l'erede di Chico Mendes, figlia di seringueiros (raccoglitori di caucciù), ex senatrice dell'Acre e neo ministra dell'ambiente del governo Lula.
Racconta la sua militanza in difesa della foresta amazzonia, della Pachamama MADRE TERRA. Impara a leggere e scrivere solo a diciassette anni dopo un'infanzia durissima in Amazzonia dove la sua famiglia si era trasferita per sfuggire alle ricorrenti carestie dell'arido nordest.

Ha lavorato fin da bambina per aiutare i sette fratelli, camminando 14 Km al giorno. A 14 anni muore la madre e diventa capo-famiglia. La sua vocazione di ambientalista, anzi de socio-ambientalista, che coniuga preoccupazioni sociali ed ecologiche, sorge da questa infanzia in mezzo alla foresta, in mezzo alle conoscenze tradizionali dei popoli della foresta e della lotta nella sua difesa.
"Era una vita durissima. Riuscivamo a sopportarla solo grazie alle tradizionali conoscenze indigene, che ti insegnano come sopravvivere e curarti utilizzando le risorse della foresta e grazie alla solidarietà della comunità che è, era fortissima": in queste comunità attanagliate da conflitti tra latifondisti, compagnie multinazionali e seringueros, Marina viene designata come rappresentante e spedita a frequentare una scuola di formazione politica per attivisti sindacali, che le permetterà di incontrare Chico Mendez e Leonardo Boff. L'esponente della teologia della liberazione la definisce "figlia di uno spirito evangelico radicale e la degna rappresentante di un popolo come quello brasiliano nella sua umanità africana, indigena e femminile".
Marina conclude la sua lunga testimonianza: "Dobbiamo impegnarci tutti affinchè Il Brasile sia un esempio di soluzione pacifica dei conflitti sociali, etnici e ambientali, senza dimentare che l'Amazzonia è il polmone del mondo e la distruzione della sua foresta, così come la sopravvivenza dignitosa delle comunità che l'hanno conservata per migliaia di anni, sono questioni che riguardano il mondo intero".

( Vedi http://www.selvas.org/newsAN0403.htm ).

 

Durante la premiazione il Governatore dello Stato dell-Acre Jorge Viana (consulente del Sindacato dei Lavoratori Rurali di Xapuri all-epoca dell-assassinio di Mendes) sottolinea il concetto di FLORESTANIA, che rappresenta l-unione di Floresta e CIDADANIA, um nuovo concetto di sviluppo della foresta amazzonica che si focalizza “nell-investire nella piena cittadinanza dei popoli della foresta e della stessa foresta,  attraverso investimenti dello stato in termini di educazione, salute, forme di profuzione estrattiva, rispetto della foresta”.

 

Alla celebrazione erano presenti anche familiari, amici e vecchi compagni del sindacalista martire tra cui la vedova Ilzamar Gadelha, la figlia Elenira Che hanno assistito  allá proiezione di um vídeo com l-ultima intervista a Chico Mendes, che spiegava il suo timore per il seqüestro dei propri familiari e per la própria morte, per essere obbligato a cambiare luogo per dormire ogni notte.

 

E- la stessa situazione critica che sta vivendo il giornalista Lúcio Flávio Pinto, testimone e difensore dell-Amazzonia, minacciato di morte per il suo impegno, amico di Maurizio Chierici che há scritto um importante reportage sull-Unita, amico di Macondo, amico di tanti militanti che lottano per la pace e la giustizia nel mondo.

 

Qui di seguito incontrate l-ultima intervista allá Ministra Marina da Silva e la giornalista Lúcio Flávio Pinto, apparsa nella stampa brasiliana.

 

 

*Cristiano Morsolin, giornalista-educatore ed operatore di reti internazionali.

Collaboratore della Rete Brasiliana di Giustizia Ambientale.

Co-Fondatore dell-Osservatorio Indipendente sulla Regione Andina SELVAs.

 

Rio de Janeiro, 7 gennaio 2005-01-07

 

 

ARCHIVIO

 

Il Brasile há fame di diritti, presentato rapporto sui diritti umani 2004 in Brasile: http://italy.peacelink.org/latina/articles/art_8652.html

 

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Entrevista com Marina Silva: Sem jogo de cena

 

Data: 28/12/2004
Fonte: Correio Braziliense

Ela era seringueira quando começou a defender a preservação da Amazônia ao lado do ambientalista Chico Mendes, assassinado em 1988. Passados dezesseis anos da morte do companheiro de luta, a vida de Marina Silva deu uma grande reviravolta. ‘‘Antes, os contraventores corriam atrás de mim e mataram meu grande amigo, Chico Mendes. Hoje eu corro atrás deles, colocando alguns na cadeia’’, diz a ministra do Meio Ambiente no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em vez de transformações radicais, a passagem de Marina pelo posto tem se caracterizado por decisões pragmáticas. E pela busca do equilíbrio. ‘‘Eu não estaria sendo coerente com o que aprendi com Chico Mendes se tivesse vindo para cá para fazer pirotecnia’’, argumenta. É esse amadurecimento que a mantém no governo até agora, apesar dos avanços e recuos nas discussões sobre produtos transgênicos e desenvolvimento sustentável.

Acompanhada de assessores, Marina falou com exclusividade ao Correio Braziliense sobre transgênicos, combate ao desmatamento e outros assuntos polêmicos para a pasta do Meio Ambiente. Para algumas respostas, recorreu ao presidente em exercício do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Luiz Fernando Krieger Merico, e ao subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do ministério, Gerson Galvão, que estavam entre os presentes no encontro.

Além da vocação para a causa ambiental, Marina se mostra habituada à tripla jornada de mulher, mãe e profissional, desde os duros tempos do seringal — ela sobreviveu a cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose. Hoje se divide entre os afazeres de casa com o marido e os quatro filhos e toma decisões políticas sem medo de contrariar setores influentes.

 

CORREIO BRAZILIENSE — Fazendo um paralelo da Marina seringueira e da Marina ministra, a senhora está desapontada com a trajetória?
MARINA SILVA — Mudou uma coisa. Antes, os contraventores corriam atrás de mim e mataram meu grande amigo, Chico Mendes. Hoje eu corro atrás deles, colocando alguns na cadeia.
  
CORREIO — A senhora se sente pressionada em relação às expectativas criadas para sua gestão como ministra?
MARINA — Eu sempre brinco que todo mundo defende o meio ambiente, desde que seja no ambiente dos outros. Então, é fácil para os que moram no Sul e Sudeste defenderem o meio ambiente da Amazônia. E nós, da Amazônia, dizermos que não se pode despejar resíduos no rio Tietê. Agora, quando se diz que defender o meio ambiente é não invadir a terra dos índios para retirar madeira, ou não derrubar floresta para fazer agricultura sem base sustentável, aí as pessoas começam a sair fora do consenso em relação ao meio ambiente. Eu não estaria sendo coerente com o que aprendi com Chico Mendes se tivesse vindo para cá para fazer pirotecnia.
  
CORREIO — O Senado aprovou a regularização do plantio e comercialização de soja transgênica. A agricultura venceu a questão?
MARINA — Foi aprovado o instrumento provisório para a safra que está em curso. A grande discussão que nós temos é do marco legal para o país em relação aos organismos geneticamente modificados. Esse debate vai continuar em 2005. O presidente Lula deu uma resposta à safra e isso foi resolvido por medida provisória (MP). Ao mesmo tempo sabe-se do déficit em relação à legislação que salvaguarda os interesses da pesquisa, dos consumidores e produtores. Não acho que um setor ganhe em detrimento de outros. Continuarei trabalhando por medidas estruturantes e definitivas.

CORREIO — Qual seria o caminho em relação aos transgênicos?
MARINA — É não continuar operando por MP. É preciso um marco legal, aprovado no Congresso. Termos criado, dentro do Ibama, uma estrutura de licenciamento para os organismos geneticamente modificados, algo que não existia até o início da nossa gestão, é um processo estruturante.Há oito anos discute-se a questão sem que haja sequer uma estrutura para fazer licenciamento.
  
CORREIO — Então a senhora não se sente derrotada em relação aos transgênicos?
MARINA — Acho que seria muito simplista para um gestor ficar colocando os fatos em termos de derrotas e vitórias. Temos que considerar as conquistas que o país acumulou em relação à legislação ambiental e trabalhar para que elas não venham a retroceder. Nesse aspecto, tenho certeza de que, em dois anos, colhemos frutos produtivos em vários aspectos.
  
CORREIO — É comum atribuir à legislação ambiental o atraso na liberação de empreendimentos. Os licenciamentos ambientais são um entrave?
MARINA — A legislação ambiental brasileira é uma conquista da sociedade. O Brasil é uma potência em recursos naturais. Não podemos sacrificar os recursos de milhares de anos pelo lucro de apenas alguns anos. A média de licenças ambientais dos governos anteriores aos nossos era de 150 por ano para a agenda de petróleo, gás, estrada, hidrelétrica e outros setores. No primeiro ano, nós conseguimos dar 145 licenças. Estamos fechando 2004 com 218.
  
CORREIO — Se tem essa eficiência, por que há reclamações?
MARINA — Criou-se um verdadeiro fantasma da expectativa do não-ambiental. As licenças que você fala foram herdadas de 2002. Quando nós chegamos havia 45 usinas com problemas ambientais. A hidrelétrica de Corumbá IV é um desses casos. Não era razoável dar uma licença para que, durante onze meses, a água fosse represada, sem tratamento de esgoto, e abastecesse o Entorno de Brasília. Não se diz por que a licença está sendo discutida.
  
CORREIO — Com relação à biopirataria, falta uma previsão legal específica nas leis criminais ambientais?
MARINA — Sou autora da primeira iniciativa no país sobre acesso aos recursos genéticos e biológico no Brasil. A lei tramita no Congresso há 12 anos. O que existe hoje é uma medida provisória feita no governo anterior. Uma MP só pode estabelecer sanções administrativas. Não estabelece sanção penal. Quando se tem uma lei ‘‘sem dentes’’, a tendência é não ter a eficácia do combate à contravenção. O combate à biopirataria não é fácil. É impossível colocar um policial federal, um fiscal do Ibama ao lado de cada árvore, fungo, bactéria, inseto que podem ser, de forma inadequada, utilizados.
  
CORREIO — E as outras regiões?
MARINA — Estamos iniciando pelo lado mais complexo que é ter um programa de agricultura sustentável para a Amazônia. A bacia do São Francisco tem um grave problema por causa do esgoto das cidades ao longo do rio. O programa de revitalização contará, em 2005, com R$ 100 milhões para as ações no que concerne à criação de unidade de conservação e recuperação de nascentes. Outras atividades típicas do Meio Ambiente terão o aporte de recursos na ordem de R$ 400 milhões para a despoluição dos rios que contaminam o São Francisco.
  
CORREIO — O que é mais preocupante hoje na preservação das comunidades das florestas?
MARINA — Primeiro, as comunidades tradicionais, particularmente os índios, são aliadas incontestáveis na preservação do meio ambiente, dos recursos naturais e dos serviços ambientais. Essas comunidades já prestam serviço ao Estado quando cuidam dessas áreas e fazem as denúncias. Faz 16 anos que Chico Mendes foi assassinado. Na época nem se falava em desenvolvimento sustentável da Amazônia.
  
CORREIO — O Ibama vai ser fracionado com a criação do Serviço de Floresta Brasileiro?
MARINA — Do ponto de vista da direção do Meio Ambiente, o Ibama é uma autarquia vinculada ao ministério. A orientação é que sejamos capazes de dar uma resposta à exploração irregular de madeira.
  
CORREIO — O que não se conseguiu fazer em 2004 em termos da execução orçamentária?
MARINA — Comparativamente ao que nós estamos projetando para 2005, temos um incremento real de quase 50% em relação a 2003. Em 2004, o orçamento foi disponibilizado integralmente. O único contigenciamento foram as emendas parlamentares, o que significa 15%.
  
CORREIO — Então vai haver recursos para todos os planos no ano que vem?
MARINA — É claro que um país com mais de oito mi-lhões de quilômetros quadrados, 11% da água doce do planeta, 22% das espécies vivas do mundo vai sempre precisar de recursos para gerenciar esses ativos ambientais tão relevantes, mas nós estamos avançando na nossa agenda.

 

Hércules Barros da equipe do Correio


Link: http://www.correioweb.com.br/

 

 

 

Ele cobre melhor a Amazônia

O testemunha do jornalista Lúcio Flávio Pinto sobre a justiça ambiental na Amazonia

 

Data: 23.12.2004
Fonte: Comunique-se
 

Lúcio Flávio Pinto é quem melhor cobre a Amazônia, aquela metade superior do mapa que a sociedade brasileira - e, nela, os jornalistas - enxergam de forma míope. Tratada por "hiléia" e "inferno verde" pela ditadura, com omissão pelos demais governos e, pela imprensa, de forma quase folclórica, a região e seus quase 20 milhões de habitantes vêm sendo vítimas de uma espécie de cegueira.

A imprensa, diz Lúcio, é "incapaz de ver, por trás da beleza cênica, a complexidade amazônica como parte de uma engrenagem internacional que a tomo como mote para um extenso circuito produtivo". E, assim, deixa de discutir qual o desenvolvimento adequado e necessário para a bacia hidrográfica que reúne nove países (o Brasil é só o que tem perto de 70% desse território), guarda quase 20% da água potável de superfície do planeta, tem a maior diversidade biológica da Terra e é encarada como a principal provedora dos recursos naturais do globo.

Só aqui no Brasil a Amazônia de que trata Lúcio inclui os Estados da Amazônia Clássica (Pará, Amazonas, Rondônia, Roraima e Amapá), mais Mato Grosso, Tocantins e quase metade do Maranhão. Foi, como ele recorda, uma região criada para receber os benefícios dos incentivos fiscais, a partir da ação da SPVEA, antecessora da Sudam, em 1953.

A seguir, vai a entrevista com Lúcio Flávio Pinto, o criador do Jornal Pessoal, escrito, impresso e distribuído por ele, e somente ele, que por vontade própria abandonou todos os grandes veículos nacionais e preferiu voltar a Belém para cobrir a Amazônia. Nesse ping pong, você encontrará reflexões sobre jornalismo, geopolítica e ética, essas coisas das quais às vezes se esquece.

 

Vamos qualificar o meu interlocutor: quantos anos de profissão você tem, quantos livros você escreveu e quantos prêmios Esso ganhou?
Tenho 39 anos de profissão. Escrevi 10 livros individuais sobre a Amazônia. Participei de vários outros livros coletivos, a maioria sobre a Amazônia e outros sobre jornalismo, inclusive de antologias de textos. Ganhei três Essos nacionais coletivos, com a equipe de Realidade e de O Estado de S. Paulo, uma menção honrosa nacional e um Prêmio Esso individual regional. Também ganhei dois Prêmio Fenaj, da Federação Nacional dos Jornalistas, em 1988. Um deles porque o Jornal Pessoal foi considerado o melhor jornal do Norte-Nordeste do país. Em 1997 ganhei um Colombe d'Oro per la Pace, em Roma, concedido pela Archivio Disarmo. Fui o primeiro não-europeu a receber a premiação.

 

Que avaliação você faz da cobertura da Amazônia feita pelos jornais da própria região?
Muito ruim. No dia a dia é melhor, evidentemente, do que os de fora porque cobre o cotidiano, registrando-o. Mas não vai além do velho conceito dos "faits-divers", sem uma visão de conjunto e contextualização. Nas coberturas especiais e sazonais perde muito porque se vale do material das agências jornalísticas nacionais, que costumam (já não com a mesma freqüência, porém) mandar enviados especiais à região. Além de investir pouco no material humano que têm e na cobertura da dinâmica humana, que se espraia pelo vasto interior amazônico, as empresas jornalísticas locais estão condicionadas por interesses paroquiais, vinculações políticas e atrelamento aos governos, ainda seus maiores anunciantes.

 

Você costuma dizer que a imprensa do sudeste é preconceituosa em relação à cobertura da amazônia. Por quê?
Antes, por exemplo, a grande imprensa não aceitava que se condicionasse os investimentos ditos produtivos (como a pecuária de corte) à ecologia porque floresta não dava rendimento. Agora, é incapaz de ver, por trás da beleza cênica, a complexidade amazônica como parte de uma engrenagem internacional que a tomo como mote para um extenso circuito produtivo. Por causa de sua "consciense mauvaise", o Sul Maravilha (para tomar uma entidade mitológica como símbolo) se recusa a tratar de problemas que só parecem ter sentido no parque industrial paulista, como os que emperram a cadeia produtiva na Amazônia. Há 20 anos o Pará garante 15% das necessidades de alumínio primário do Japão a um custo inferior ao que os japoneses teriam se continuassem a fabricar o material no seu próprio território, graças ao brutal subsídio concedido à Albrás (controlada pela Companhia Vale do Rio Doce), durante as duas décadas anteriores, ao custo de 2 bilhões de dólares para o tesouro nacional. Lingote é a escala produtiva seguinte à da energia bruta. Como é impossível transmitir energia bruta por 20 mil quilômetros, pelo mar, seguia o lingote. E vai continuar a seguir, com a renovação do contrato de energia (3,4 bilhões de dólares) por mais 20 anos. Isso não aparece na grande imprensa, que só quer saber de biopirataria, reserva extrativista et caterva.

 

Quem cobre melhor a região: a imprensa brasileira ou a estrangeira?
Já tivemos excelente cobertura da Amazônia na grande imprensa brasileira, sobretudo em "O Estado de S. Paulo". Se você verificar a bibliografia sobre a região, no período do regime militar, constatará que quase todos os livros relevantes sobre essa fase fundamental da história brasileira citam fartamente material do "Estadão". Por quê? Porque havia uma excelente estrutura de informações funcionando na empresa. Em São Paulo havia um núcleo de pautas e de cobrança de matérias, que atuava tanto para o lado das sucursais e correspondentes, evitando matérias superficiais, inconsistentes ou mesmo viciadas, quanto para o lado dos editores, evitando que eles adotassem um viés do exotismo, próprio de quem não acompanha sistematicamente a realidade regional. O "Estadão", na segunda metade da década de 70, instalou uma sucursal em Belém e correspondentes em todas as capitais e mesmo em bases municipais, com efetivo poder decisório sobre as matérias. Essa estrutura exige dinheiro, algo que foi cortado dos programas das empresas jornalísticas atualmente. Mas não só isso. Requer compromisso com a causa. Sofrendo a censura do Estado, instalada dentro da redação, que provocou o receio traumático de algo como havia acontecido no Estado Novo, a direção do "Estadão" resolveu desafiar o regime que censurava o jornal. Mostrou que, a despeito dos cortes nas páginas do jornal, o "Estadão" continuava a saber mais do que Brasília, inclusive sobre a jóia da coroa castrense, que era a Amazônia, centrada no projeto de "integrar para não integrar", tão caro à geopolítica produzida pelo Conselho de Segurança Nacional. Isso tudo acabou. O que restou é perfumaria diante do que já tivemos. Ou seja: andamos para trás. Isso, no plano nacional. Internacionalmente, há momentos felizes de cobertura. Mas esse é perfume barato. Logo evola. Mesmo na imprensa inglesa. A Amazônia tem fascínio, mas é distante. Ninguém, nos centros decisórios, nacionais e internacionais, a entende. Nem quer. Há, no inconsciente coletivo, a presunção de que a floresta vai acabar e logo a Amazônia se normalizará, ficando igual a todas as regiões desmatadas do planeta. Como sempre foi e será, na mentalidade do homo agricola, fazedor de desertos. Mal se percebe que a Amazônia é nossa última oportunidade de instaurar a civilização florestal, única na história da humanidade. Por amarga ironia, porém, somos o povo que mais desmatou em todos os tempos.

 

Qual é teu objeto de trabalho, na verdade: cobrir meio ambiente ou cobrir os modelos de desenvolvimento que se aplicam à região?
Eu entrevistava, na antiga sede da Fiesp, no viaduto Maria Paula, o engenheiro Eduardo Celestino Ribeiro. Ele era dono de uma grande empreiteira, a Cetenco, e de uma fazenda de gado no sul do Pará. Homem inteligente, bandeirante típico. Eu acompanhava com interesse seu raciocínio até ele chegar à Amazônia. Comecei a ficar alarmado: a Amazônia que ele queria criar não era a mesma Amazônia na qual eu havia nascido e pela qual me apaixonara, mais ainda quando me distanciei dela para tentar "vencer no Sul", o único caminho do sucesso no modelo concentrador colonial. Ele queria transformar floresta em pastagem e abrir estradas de penetração para todos os lados com o investimento ideal para "amansar a terra", a fazenda de gado. Naquele momento decidi que voltaria para minha terra e me comprometeria a informá-la sobre o avanço do colonizador. Queria fornecer-lhe informações em tempo real, que pudessem ser agendadas para uma plataforma de ação imediata, antes que as decisões baixassem de Nova York, Paris, Tóquio ou São Paulo, como caixas pretas. Tenho tentado isso até hoje. Faço esse trabalho por ter a esperança de que na Amazônia seja possível escrever uma história diferente do enredo traçado na Ásia e na África, nas áreas coloniais. É difícil fazer esse acompanhamento porque os "grandes projetos" partem do zero ao 80 rapidamente, como se fossem carros de Fórmula 1. Hoje, gastamos 400 milhões de dólares importando cobre. Amanhã, estaremos exportando US$ 3 bilhões. E ainda assim, o que é trágico, importando. Eu denunciei como pude, na época, o contrato de energia da Eletronorte com a Albrás, iniciado em 1984. Consegui pouco ou quase nada. Mas pensei: em 2004 será diferente. A sociedade estará bem informada e não deixar que se repitam as cláusulas leoninas em favor da empresa de alumínio. Pois bem: talvez o contrato atual seja ainda mais leonino do que o primeiro. A sociedade não se apercebe disso porque não se interessa efetivamente pelo essencial das questões amazônicas ou porque o poder de manipulação das empresas é formidável. Inclusive com a ajuda de jornalistas.

 

Falar da região significa automaticamente tratar de meio ambiente, qualquer que seja o tema abordado?
Na Amazônia, quase sempre. Sem isso, ninguém entenderá porque esse pedaço do Trópico Úmido é Amazônia e não África, Ásia, Cerrado ou qualquer outra designação. É Amazônia porque todo seu ciclo de vida, que é fechado, depende das árvores. Elas é que garantem a constante reciclagem, dos nutrientes à água. Há uma lição clara nesse sentido, que as pessoas não querem ver, nem os habitantes da Amazônia. Quando só a região produzia borracha para um mundo faminto desse produto, imaginava-se que a natureza havia conferido esse monopólio à Amazônia, terra nativa da hevea brasiliensis. No entanto, essa fantástica árvore só vive equilibradamente na heterogeneidade. Todas as vezes em que foi tentado adensá-la, para dar-lhe caráter econômico, ela foi atacada pelo mal das folhas. Até hoje, os seringais de cultivo existentes na Amazônia não vingaram. Os seringais nativos, que ainda existem, não são competitivos. Metade da produção recorde de borracha, no ano passado (por valor absoluto, sem atualização), foi obtida em São Paulo. A natureza presenteou a Amazônia com a seringueira, mas condicionou o presente à dispersão da árvore numa mata com 100 outras espécies por cada hectare. Por que essa heterogeneidade? Ela tem seu lado ruim, vista pela perspectiva de heveicultura, mas tem seu lado bom pela riqueza biológica, pelo acervo genético que contém. E mesmo panorâmico: ainda que não desse o látex, a seringueira, sem sua companhia natural, é apenas um gigante frágil. Isolada, qualquer pé de vento mais forte a derruba. A complexidade desse equilíbrio é o que distingue a Amazônia e a complica no panorama dos Trópicos Úmidos, mas é também sua essência de riqueza, de originalidade, de especificidade. Poucos têm paciência para entender isso. Por conseqüência, poucoscompreendem o que é a Amazônia.

 

O que significa o fato de agora você receber da Justiça um tratamento mais duro do que durante a ditadura? Que agora a cobertura de meio ambiente toca mais no capital do que tocava há 30 anos? Significa que agora, falando mais a fundo dos projetos de desenvolvimento, você vai mais ao coração do capitalismo, e que isso ameaça mais do que criticar, como antes, o governo?
Um pouco isso, mas a coisa é muito mais complexa. Os militares que impuseram a marca do Projeto Amazônia em geral acreditavam no que estavam fazendo. Havia corrupção, havia desvios, havia favorecimentos, mas o núcleo doutrinário do "modelo amazônico" achava que estava fazendo o melhor para "integrar" a Amazônia, assim evitando que ela fosse "entregue" aos estrangeiros. O resultado acabou sendo o contrário, mas esses ideólogos do desenvolvimentismo amazônico acreditavam na consistência de sua política. Por isso, e porque a Amazônia era (e é) secundária no projeto nacional, marginal e residual, apesar do seu tamanho e da retórica que lhe diz respeito, admitiam uma margem de crítica muito maior do que a outros pontos mais nervosos, mais sensíveis do modelo nacional. Pareciam admitir que a crítica do que se fazia na Amazônia não atingia o coração do regime. Além disso, por ser fronteira, a Amazônia era uma terra de incógnitas. Quem sabe, o crítico não estaria certo? Quem sabe, não estaria apontando uma situação ignorada pelos donos da doutrina de segurança nacional aplicada à Amazônia? Dou um exemplo. Fiz uma pauta sobre grilagem de terras na Amazônia, a ser cumprida por mim e pela rede de sucursais e correspondentes de "O Estado de S. Paulo". Essa pauta, que era extensa, com 10 laudas, foi parar no Conselho de Segurança, isso em 1977. O secretário-geral do CSN entrou em contato com o doutor Júlio Mesquita Neto e pediu que eu fosse a uma reunião com os integrantes da Câmara de Terras do Conselho. Era a primeira vez que um jornalista era convidado (não sabíamos então se com aspas ou não) para defrontar-se com um dos setores estratégicos do CSN. Fui bem recebido, debati com militares e assessores com franqueza, divergimos e discutimos, mas saí ileso e bem impressionado com o nível do diálogo. E eles perceberam que eu conhecia profundamente o assunto pautado, inclusive uma lei sobre
discriminatória de terras públicas que eles haviam acabado de fazer aprovar no Congresso. As matérias saíram, incomodaram muito, sobretudo os grandes donos de fazendas na Amazônia, que eram paulistas, mas ganhamos a menção honrosa nacional do Prêmio Esso naquele ano.

 

Por que você recusou integrar o Grupo de Assessoramento Internacional sobre florestas, que faz o monitoramento das políticas públicas federais na Amazônia?
O convite foi muito honroso, o grupo de assessoria é importante para definir e acompanhar as políticas públicas voltadas para a Amazônia, acho que eu lhe daria contribuição útil e aprenderia bastante na convivência com as pessoas tão qualificadas que o integram, mas vi incompatibilidade ética entre fazer parte do grupo e manter o Jornal Pessoal, que tem pago com sangue e sofrimento por sua radical independência e autonomia. Talvez seja excesso de pudor e ética, mas as perseguições que tenho sofrido nos últimos 12 anos me obrigam a ser como a mulher de César: não apenas ser independente e honesto, mas parecê-lo também. Lamentei muito ter que tomar essa atitude, depois de muito pensar e recalcitrar, porque significou uma perda muito grande para mim. Mas achei que, para aceitar o convite, teria que parar o Jornal Pessoal. O que gostaria de fazer, até, mas não posso. Esse minúsculo jornal se tornou um símbolo de resistência e uma tribuna, que ressoa a voz da Amazônia, sufocada ou ignorada. É fugaz como o perfume que fica no ar, mas tem essa força esvoaçante que lhe deu o grande compositor maranhense João do Vale: "A minha voz o vento pode levar, mas o meu perfume fica morando no ar".

 

 Carlos Tautz

Link: http://www.comuniquese.com.br

 

 

 

 

Salvate la Voce dell’Amazzonia
di Maurizio Chierici

Arriva una lettera dall’Amazzonia, disperata per l’umiliazione che offende la ragione. Per caso arriva assieme a una notizia battuta negli Stati Uniti: il presidente Bush annulla la legge Clinton che proteggeva un terzo dei parchi del paese. E le mani delle industrie del legno possono allungarsi su 23 milioni di ettari di foreste. Con riconoscenza da manifestare nella concretezza dei finanziamenti elettorali. Kerry e i democratici tempestano. Gli ambientalisti annunciano cortei mentre a Belem, Amazzonia, solo il silenzio avvolge le parole di Lucio Flavio Pinto, giornalista troppo solo e quasi rassegnato. Lancia una bottiglia con un messaggio che ha l’aria di un addio. «Non sono mai stato così vicino a rinunciare alla battaglia che ha cambiato la mia vita: difendere l’Amazzonia. I soliti potenti mi hanno perseguitato imponendo un destino crudele: processi massacranti, chiaramente intimidatori, spudoratamente politici se per politica si intende la difesa degli arricchimenti illeciti e la corruzione della giustizia. Pretendono il mio silenzio per nascondere gli affari...». Lucio Flavio è una voce troppo sola. Da sempre cercano di spegnerla. Ci stanno riuscendo.
Ha cominciato 30 anni fa quando nessuno di noi si preoccupava dell’Amazzonia in fiamme.
Non sapevamo chi era Wilson Pinheiro, leader dei contadini che raccoglievano il caucciù. Gli hanno sparato ed è morto lasciando in eredità mille Chico Mendés, anche loro abbattuti dai colpi dei proprietari infastiditi dall’ostinazione degli straccioni senza censo che si erano messi in testa di difendere la loro patria verde «intralciando il progresso». Lucio Flavio è ancora vivo, spiegherò perché. Ed ancora in libertà, ma una libertà dalle ore contate.
Dopo dodici anni di intrighi, una giustizia legata ai poteri forti sta «finalmente» per seppellirlo in galera. L’anomalia è la prigione nel Brasile di Lula, presidente della speranza. Lula sta animando la speranza fra mille difficoltà, ma il Paese è un continente e l’Amazzonia resta l’angolo confuso dove latifondismo e politici ondivaganti non gradiscono far sapere che il saccheggio continua.
Malgrado l’entusiasmo di Porto Alegre, le promesse dei generosi, la lealtà dei politici leali, gli affari sono affari. Nessuno rinuncia ai dané. Dietro le nuove forme improvvisamente morbide, la realtà resta feroce soprattutto se lontana dai palazzi del governo.
Ecco perché vogliamo far sapere delle ore disperate di Lucio Flavio Pinto a Lula da Silva, presidente che non ha mai nascosto la rabbia davanti a questo tipo di violenza.
Cosa ha fatto Lucio Flavio per essere punito? Ha ricostruito la strana decisione di un presidente del tribunale del Parà, Joao Alberto Paiva, il quale, con rito abbreviato e senza confrontarsi col pubblico ministero interessato al caso, in solitudine concede il diritto di proprietà (proprietà incerta tra 4,5 e i 7 milioni di ettari) all’impresa C.R. Almeida, potentissima ramificazione industriale la quale pretende di aver comprato un’intera regione in anni non lontani, quando ancora per registrare acquisti e vendite di possedimenti sterminati, bastava solo il giuramento di un notaio. Non importa se confortato da documenti raccolti nei catasti delle capitali. In Amazzonia funzionava così. Le carte private e i ricordi dei notai facevano legge. Tant’è che i 4,5 o i 7 milioni di ettari dello Xingu, Terra di Mezzo dove il vescovo catalano Pedro Calsaldaliga denuncia appropriazioni e violenze che dissanguano popoli vaganti; i 7 milioni di ettari dello Xingu, vengono ancora considerati «proprietà dello Stato» da tutti gli enti pubblici, compreso l’istituto per la Riforma Agraria del Parà.
E il pubblico ministero, informato quattro mesi dopo della sentenza scandalo, ha tentato un inutile ricorso. La decisione è ormai passata in giudicato. Niente da fare. Nei catasti di Belen, Joao Alberto Paiva ha per sempre fissato il nome del proprietario che la legge dovrà riconoscere. Lentamente la burocrazia ne prenderà visione. Il giudice si è messo in pensione dopo aver denunciato per falso e diffamazione Lucio Flavio Pinto, sola voce ad aver spiegato l’imbroglio, uno dei tanti che bruciano l’Amazzonia. Perché di quei sette milioni di ettari i proprietari riconosciuti dal tribunale possono fare ciò che vogliono. La foresta ha un’anima di ferro, alluminio, uranio, oro, diamanti. E la C.R. Almeida sta per scavare miniere o tagliare milioni di piante per coltivare chissà cosa. Far pascolare mandrie affidate a schiavi che lo stesso Lula amaramente ammette di dover lottare per liberarli. Chi vi abita da sempre, o si è accampato da poco fuggendo da storie come questa, è bene sparisca altrimenti sarà punito dalla polizia del Parà. La proprietà è un diritto sacro e i deboli non possono violarla.
Nessuno si è arrabbiato per l’articolo. Neanche una riga di lamenti. E Lucio Flavio Pinto ha scoperto per caso la querela sfogliando i bollettini ufficiali che annunciano le date dei processi.
La prima sentenza lo ha condannato. Si è rivolto ad un’alta corte, meno inquinata dalle amicizie degli affari. Adesso il ricorso non si trova. E la ricevuta, con timbro e data, subito presentata come prova di consegna del documento d'appello, non viene ritenuta valida mancando il documento. Intrigo perfetto, ripetuto altre volte: questo, però, sembra il capitolo finale. In mancanza dell'appello la sentenza sta per essere confermata. Pinto ha due possibilità: pagare una multa, sei mesi di stipendio minimo o andare in galera. Il pagare la multa non annulla ma conferma la colpa sporcando una fedina penale rimasta faticosamente immacolata e sommando l’ultima punizione a sentenze precedenti, maturate nello stesso clima e con le stesse complicità. Diventa la prima pagina di una lunga prigione.
Una sola consolazione: Lucio Flavio è ancora vivo e continua a raccontare cosa succede rifiutando accordi segreti. Trent’anni fa era arrivato a Belem da San Paolo.
Cattedra all’università, grande spazio sul giornale «O liberal», proprietà della famiglia Majorana sbarcata chissà quando dalla Sicilia. Le sue analisi di sociologo urbano affascinavano i lettori, e moltiplicavano il rispetto degli gli spettatori della più importante Tv dell’Amazzonia, rubriche riprese dai netwok di Rio e di San Paolo. Noi che andavamo a raccontare il Brasile siamo saliti a Belem per ascoltare le catastrofi che Pinto annunciava. Sembravano talmente fantastiche da meritare le prime pagine nei giorni svagati d’estate: «Attenzione. Cancellare la foresta fluviale vuol dire programmare il deserto e cambiare il clima, non solo del Brasile». Insomma, fantascienza. Almeno sembrava.
Sul giornale, in Tv, e negli interventi scritti per «Monde Diplomatique» e «Washington Post», Lucio Flavio denuncia i disastri che accompagnano il progetto Jari.
Sparisce la foresta di una regione larga come il Belgio. Nessuno riesce a capire dove siano disperse le tribù che la abitavano. Quando Paulinho Kayapò, di ritorno da un viaggio negli Stati Uniti dove lo aveva accompagnato un giovane etnologo americano per testimoniare all’Onu sul genocidio del suo popolo; quando viene denunciato da una società che taglia le piante con l’accusa di «infamare il nome del Brasile e impedire la realizzazione di grandi opere», Paulinho risponde parlando di «crimini ecologici». Ha imparato presto il linguaggio dagli etnologi. E il generale-giudice ne è stravolto. Sospende l'udienza pretendendo la perizia psichiatrica: «Un indios non può parlare così...». Lo Jarì viene raso al suolo da Ludwing, miliardario americano: si è messo d'accordo con l’ultimo governo militare per affidare alla sua holding, guidata dall’ex presidente Richard Nixon, l’impegno di «fabbricare» bistecche per i frigoriferi di Chicago. Un esercito non piccolo - elicotteri di pattuglia - sorveglia le frontiere di una prateria sterminata dove pascolano milioni di bestie. Ogni mattina gli aerei partono con la carne macellata, mentre cartiere galleggianti giapponesi tentano di succhiare cellulosa da una palma speciale. Come aveva annunciato Pinto, senza la foresta non piove. Senza la pioggia non cresce l’erba. Senza l’erba, allevare carne costa caro. Vent’anni dopo lo sanno tutti. Muoiono le palme della carta. Le prime dune di sabbia fanno capire che il disastro è cominciato. E Pinto si scatena: «Fermiamo le altre grandi opere. Minacciano l’Amazzonia: dighe dell’energia elettrica che avvelenano centinaia di chilometri. I pesci muoiono, le piante appassiscono». Una cassandra: licenziato. Anche l’università gli toglie la cattedra. E le Tv di Rio e San Paolo si dimenticano delle sue profezie. Ma lui non molla e comincia l’utopia. Scrive, disegna e pubblica le inchieste che nessun giornale, nessuna Tv e - per carità- nessun politico ha il coraggio di affrontare. Diventa editore di un periodico la cui testata sintetizza caparbietà e disperazione: «Jornal Pessonal», giornale personale. Lo scrive da solo. Da vent’anni esce ogni quindici giorni. Lo ricevono abbonati sparsi nel Brasile e nel resto del mondo. Numeri monografici, ogni numero un polverone. Spiega le cose che nessuno vorrebbe sentire. Cominciano le minacce. Allontana moglie e figlie: vivono nascoste nella folla di metropoli lontane. Sfugge ad attentati che hanno l'aria di avvertimenti, ma una sera qualcuno porta a «O Liberal» il suo necrologio che il giorno dopo appare come se davvero Lucio Flavio fosse morto all’improvviso. Ha l’aria della minaccia conclusiva: finora l'hai fatta franca, adesso basta. Pinto è un bravo cronista; comincia a cercare e ciò che scopre lo spaventa. Manda una lettera al governatore del Parà, Jaer Badalhao. Erano amici. Gli spiega che copie dello stesso foglio già si trovano nei cassetti del Monde, Washington Post, Pais, Corriere della Sera. «Se mi uccidono l’ordine viene da te e tutti ne trarranno le conclusioni». Ricorda su quale affare spinoso, destinato ad allargare lo scempio, una sua ricerca aveva puntato il dito. «Credi davvero volessi farti uccidere o solo spaventarti?»: la voce del governatore trema al telefono. Pinto non si lascia intimidire. « Puoi giurare che tuo padre non ha dato ordine di farmi sparire? È uno dei grandi proprietari, amico di grandi proprietari legati ai militari che ufficialmente sono i protettori dell’Amazzonia. In realtà ne approfittano senza scrupoli. Ricordi lo Jarì?». Succedeva quando ancora Lula marciava predicando le stesse cose: lontano, lontano dalla presidenza.
Silenzio del governatore. Da quel momento Lucio Flavio Pinto è provvisoriamente salvo, ma pochi a Belem hanno il coraggio di ammettere la sua amicizia.
Nessuno se la sente di invitarlo a parlare o scrivere. Ogni numero della rivista viene coperto di querele. Gli avvocati del Parà, ma anche gli avvocati delle capitali del Sud, non osano difenderlo in tribunale. Lucio Flavio non si è lasciato travolgere. Ha ricominciato a studiare. Laurea in legge, va in tribunale da solo. Sette anni fa viene invitato in Europa. Anche in Italia: università ed ecologisti, soprattutto i volontari di Macondo. Il presidente Scalfaro lo riceve per complimentarsi non solo con lui ma con tutti i vincitori del premio Colomba della Pace assegnata alla comunità di Sant’Egidio, a Danielle Mitterand, ai testimoni delle pulizie etniche nel Kosovo e a coloro che hanno il coraggio di non nascondere la verità. La sera prima, in Campidoglio, gli stranieri premiati erano tre: due con accanto i loro ambasciatori in festa, ma l’ambasciatore del presidente del Brasile Cardoso, non si è fatto vedere. Pinto, sempre solo. E la folla accorsa ad ascoltare la parola dei protagonisti, a dire il vero è rimasta delusa. Lucio Flavio non spiega mai come sopravvive quasi nascosto nello spazio insicuro dell’Amazzonia continuando a smascherare orrori che coinvolgono interessi miliardari. Ha parlato con la concretezza di chi non indugia nel reducismo dell'esotico. Numeri, diagrammi, soluzioni possibili, pericoli incombenti. Quasi un ingegnere. Voce monotona, parole scelte con cura senza aggettivi. Deve essere il filo di ferro che gli dà la forza di andare avanti, a fargli rifiutare le «inutili emozioni». Non sarà contento dell'apprensione che accompagna queste righe. Ma la sua lettera è sconvolgente. L’invito in Italia prevedeva di allungare il viaggio nella scoperta di un Paese che non conosceva: Venezia, Firenze, solite cose. Invece la sera della premiazione, tornato in albergo, trova un telegramma del tribunale di Belem informato chissà come del premio. «Con urgenza» è stata fissato il dibattito di un processo che aspettava da tredici mesi. Di lì a due giorni deve apparire davanti ai giudici come imputato e come avvocato. Ed è subito tornato a casa.
Caro Presidente Lula, dieci anni fa, dopo un viaggio nella corriera elettorale con la quale aveva attraversato l'Amazzonia, appariva turbato dalla violenza respirata nei corpi mutilati da un lavoro senza regole, e dagli occhi spaventati di chi rispondeva a fatica alle sue domande.
«Bisogna cambiare...». Qualcosa sta cambiando, ma le vendette verso chi insiste nella trasparenza, non perdonano l’intellettuale che non si arrende. Per fortuna gli ambasciatori di Lula non sono gli ambasciatori di Cardoso, ecco perché le faranno sapere della lettera di Lucio Flavio Pinto e di come funziona la giustizia fuori Brasilia, sull’equatore di Belem.

 

UNITA, 16.7.2004

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