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Brasil : Crise do Estado e violência urbana
- Subject: Brasil : Crise do Estado e violência urbana
- From: "nello margiotta" <nellomargiotta55 at virgilio.it>
- Date: Fri, 14 Nov 2003 09:06:48 +0100
Luciano Siqueira La Insignia. Brasil, novembro de 2003. http://www.lainsignia.org/2003/noviembre/ibe_045.htm Especialistas e gestores públicos debatem, no seminário Municípios no Sistema Único de Segurança (SUSP) - Brasília, 10 a 12 últimos - os impasses do atual sistema de segurança em face da escalada da violência urbana. Ao evento, patrocinado pelo Ministério da Justiça em combinação com a Frente Nacional de Prefeitos, a Confederação e a Associação Brasileira de Municípios, o vice-prefeito do Recife comparece na condição de expositor do tema Políticas Sociais e Urbanas Integradas para a Prevenção da Violência Criminal. O foco do seminário é a inserção das Prefeituras no SUSP, incluindo o papel das Guardas Civis Municipais. Duas tendências logo se explicitam: uma, reducionista, prima pela aceitação a priori de que o município tem o dever irrecusável de enfrentar o desafio da segurança pública, aliando a Guarda Municipal (armada) às Polícias Civil e Militar em ações repressivas. A outra examina o problema sob prisma amplo e sistêmico e alerta para o risco de se cair na armadilha das medidas emergenciais, em prejuízo de soluções de médio e longo prazos. Onde está o cerne da polêmica? Exatamente no fato de que os impasses do sistema de segurança, guardadas as suas peculiaridades, refletem, em última instância, a crise do Estado brasileiro, tanto quanto múltiplos são os fatores causais do incremento da violência criminal - da miséria à impunidade, passando pela falência do modelo vigente e pela conversão da violência em mercadoria lucrativa, seja pelas empresas privadas de segurança, seja pela mídia. Canais de TV e redes de rádio, jornais e revistas, atraem audiência e leitores (e anunciantes) explorando o tema em tom sensacionalista e rasteiro - ambos aferem lucros imensos. Os prefeitos, por seu turno, temem que venha aí mais uma transferência de atribuição ao poder local, sem o necessário respaldo financeiro. Há, como se sabe, uma crise de financiamento do Estado nos seus três níveis - associada tanto à partilha desigual do bolo tributário (menos de 14% ficam no município), como à incapacidade de a União investir em políticas sociais básicas devido aos constrangimentos do alto superávit primário acordado com o FMI. O debate avança, e a relação entre o setorial e o estrutural se faz recorrente - quase que à revelia dos participantes. Não há como escapar. Se correr o bicho pega; se ficar, o bicho come. A conclusão é inevitável: precisamos, sim, reformar o sistema de segurança pública. Mas isso há que se fazer como parte da reestruturação do Estado nacional e de um novo pacto federativo.
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