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BrasilE: Lula: cobertor curto e soberania
- Subject: BrasilE: Lula: cobertor curto e soberania
- From: "Nello Margiotta" <animarg at tin.it>
- Date: Sun, 17 Aug 2003 10:31:52 +0200
Luciano Siqueira La Insignia. Brasil, 15 de agosto. Dias atrás, o presidente Lula reuniu no Palácio do Planalto os dez ministros que compõem a Câmara de Infra-estrutura com o propósito de estabelecer prioridades quanto aos investimentos, no horizonte mediato, em transportes, saneamento, energia elétrica e telecomunicações. Nos anos FHC praticamente não se investiu na ampliação da infraestrutura, pré-requisito indispensável do desenvolvimento econômico. Hoje, grande é a expectativa de que o novo governo retome esses investimentos. Mas, onde estão os recursos? O que se necessita não é pouco. Estima-se em R$ 60 bilhões a necessidade de investimentos em infra-estrutura nos próximos anos. A julgar pelo que dizem o ministro Palocci, da Fazenda, e o presidente Lessa, do BNDES, não há recursos disponíveis na dimensão das demandas reprimidas nas áreas de telecomunicações, energia e transporte. Uma das alternativas seria recorrer aos fundos de pensão, a partir dos mais remediados, como o Petros (dos funcionários da Petrobrás), o Previ (Banco do Brasil) e o Funcef (Caixa Econômica Federal). Ainda assim o cobertor parece curto, nos cálculos de especialistas. O "espetáculo do crescimento" que o presidente da República previa já no início deste segundo semestre ainda se depara com barreiras difíceis de transpor. No cerne do problema emerge o acordo com o FMI, a ser renovado até novembro. Uma das cláusulas, a que inclui nas regras de cálculo do superávit primário os investimentos em infraestrutura, há que ser alterada, sob pena do prosseguir o emperramento da economia. Aqui aparece claramente aquela questão do "cumprimento dos contratos", promessa do presidente na Carta aos Brasileiros lançada na campanha eleitoral, em pleno terror financeiro movido pela candidatura Serra. É chegada a hora de dizer: respeitar os contratos, sim; porém reajustados conforme os compromissos públicos assumidos pelo governante que se elegeu com quase 53 milhões de votos - esmagadora maioria do eleitorado brasileiro. Uma questão de soberania. E de sobrevivência. Que implica no papel do Estado como indutor do desenvolvimento econômico.
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