[Prec. per data] [Succ. per data] [Prec. per argomento] [Succ. per argomento] [Indice per data] [Indice per argomento]
Il ruolo della spiritualità al Forum di Porto Alegre
- Subject: Il ruolo della spiritualità al Forum di Porto Alegre
- From: Serena Romagnoli <md1042 at mclink.it>
- Date: Sun, 17 Feb 2002 09:28:26 +0100
- Organization: Comitato di appoggio MST www.citinv.it/associazioni/MST/
Paulo Lima, della rivista Sem Fronteiras (rivista dei comboniani brasiliani, il corrispettivo di Nigrizia), commenta il Forum Social Mundial, soffermandosi in particolare sullo spazio della spiritualità e del sacro all'interno del Forum Outros mundos são possíveis O Segundo Fórum Social Mundial reuniu mais de 51 mil pessoas de 131 países na capital gaúcha. Segundo os organizadores, um sucesso em números, debates e propostas. Não uma babel, mas um grande laboratório de idéias e experiências concretas que estão provando que é possível construir mundos novos no respeito à diversidade dos povos. Paulo Pereira Lima, enviado a Porto Alegre ? Revista SEM FRONTEIRAS Porto Alegre, 4 de fevereiro. São quase 8 da manhã e longas filas se formam na entrada do auditório 2 do Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica. É o último dia de conferências do Segundo Fórum Social Mundial. Simultaneamente, outras cinco reuniam milhares de pessoas em diferentes locais de Porto Alegre, abordando assuntos diversos, como "Os organismos internacionais e a arquitetura do poder mundial", "Os direitos econômicos, sociais e culturais", "Democracia participativa", "Globalização e militarismo" e "Soberania, nação e Estado". Pouco a pouco as pessoas vão ocupando os 2 mil lugares da Sala 2 da PUC para assistir à conferência "Princípios e valores", com a participação de Frei Betto, integrante de uma das organizações promotoras do debate, a Fé e Política. Ouve-se o burburinho na platéia até que um senhor de barba e cabelos grisalhos usa o microfone para pedir desculpas pelo atraso de 30 minutos. É Francisco Whitaker, membro do comitê organizador e também o "animador" do debate que está para acontecer. Além do teólogo brasileiro, ele anuncia na mesa a presença do francês Michael Löwy, a espanhola Celia Amorós e os indianos Vijat Patrap e Siddhartha (é assim mesmo, sem sobrenome, que ele é conhecido na Índia). Instantes depois, um silêncio toma conta do lugar. Olhos e ouvidos atentos; mãos que não empunham bandeiras, mas canetas; broches de Che Guevara ao lado de Cristo crucificado alfinetados em camisetas e bolsas de pano; blocos de anotações em vez de abaixo-assinados. Nem só de economia e política se falou em Porto Alegre. O fórum também abriu espaço para discutir o sagrado. "Essa foi uma das grandes novidades este ano. Vamos seguindo em frente e para o alto", comenta Whitaker, também secretário da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). "Grande parte dos militantes que vieram aqui são movidos por diferentes credos. Trata-se de uma presença engajada a partir da fé." Frei Betto completa, dizendo que entre lutas políticas e espiritualidade não há contradição. "Só teremos novas estruturas com novos corações." Para o teólogo, um fórum que abarca várias dimensões e segmentos da sociedade não pode ignorar o fenômeno religioso. "Principalmente num continente e num país onde esse fenômeno é central. Afinal, pelo menos no Brasil, toda a construção de um projeto popular passou pelas pastorais sociais das Igrejas, sobretudo, a católica, por ser majoritária", lembra. Segundo ele, para construir uma nova civilização é preciso considerar as relações do ser humano com o semelhante, com a natureza e com Deus. "Senão, corremos o risco de transformar os shoppings centers, como catedrais estilizadas que são, em templos de uma doutrina onde o inferno é não poder consumir e o purgatório é não ter como pagar o cartão de crédito." O teólogo da libertação vai mais longe: "O homem novo e a mulher nova surgirão do casamento entre Santa Teresa dÁvila (líder espiritual do século 16) e o revolucionário argentino Che Guevara. Encontro espiritual Espiritualidade não foi apenas assunto de palestras e debates. Ocupou também espaços na programação oficial do evento. No ato de abertura, por exemplo, que aconteceu no Anfiteatro Pôr-do-sol, um dos momentos fortes foi a Missa Luba, que disputou aplausos com os anfitriões, o prefeito Tarso Genro e o governador Olívio Dutra. Essa celebração, aprovada pelo papa Paulo VI nos anos 70, foi criada para fundir as tradições africanas e cristãs. No dia 3, esse mesmo anfiteatro abrigou o "Encontro Espiritual por um mundo melhor". Com pouca divulgação e marcado para um "horário impróprio" (às 5:30 da manhã), a grande afluência do público a esse ato inter-religioso surpreendeu até mesmo os organizadores. Centenas de pessoas madrugaram e se deslocaram de diversos pontos da cidade para meditar ao som de mantras, cantos religiosos católicos, cítaras e atabaques. Entre os quinze grupos religiosos que promoveram o evento, estavam as Comunidades Eclesiais de Base, o Mosteiro da Anunciação do Senhor, o Centro de Yoga e Meditação Ananda Marga, a Organização Brahma Kumaris e o Comitê Afro do Fórum Social Mundial. Dada Maheshvarananda, monge da Ananda Marga, diz que "nos reunimos para compartilhar uma visão espiritual de um mundo novo, baseado na cooperação, na tolerância, justiça, paz e solidariedade". Para Maheshvarananda, "a ética e a fé nos enriquecerão e nos fortalecerão nesta luta". Segundo o monge beneditino Marcelo Barros, também um dos idealizadores do evento, esse encontro espiritual quis mostrar que as religiões estão ligadas aos movimentos sociais mais comprometidos pelas transformações do mundo. "Se a gente não conseguir fazer com que as religiões se unam para trabalhar pela transformação social, muito dificilmente esse grande movimento terá êxito." Também o Acampamento da Juventude, no Parque da Harmonia, foi tomado por esse espírito fraternal. Um exemplo disso foi a "fogueira da paz", construída pelo mexicano Oscar Ijunanero, que cruzou as Américas durante 9 meses até chegar a Porto Alegre. A pé. A sua fogueira tornou-se ponto de encontro de centenas de jovens entre mais de 15 mil que participaram de oficinas e seminários dentro do evento. "Diante do fogo da guerra, apresentamos o fogo da paz", explica Ijunanero, que também participou do fórum no ano passado. Protestos e propostas Muita coisa boa se produziu nesse gigantesco laboratório de idéias e experiências que representou o Segundo Fórum Social Mundial. Foram 27 conferências, mais de 800 oficinas e seminários de estudo que discutiram temas diversos, desde o comércio mundial, a dívida externa e a produção de medicamentos até a relação entre África e Brasil, os povos indígenas e os direitos humanos. Para Whitaker, o fórum cresceu em números e em qualidade. Nessa segunda edição, foram mais de 51 mil participantes, entre delegados e ouvintes, representando quase 5 mil organizações da sociedade civil de 131 países. Em relação ao evento de 2001, cresceu também a participação de personalidades, como o lingüista estadunidense Noam Chomsky, a canadense Naomi Klein e os Prêmios Nobel da Paz Adolfo Perez Esquível e Rigoberta Menchú. "O fórum nasceu para isso mesmo: ser um espaço aberto para aprofundamento, reflexão e troca de experiências." Segue nessa mesma linha a avaliação de Frei Betto, que põe em evidência as propostas que surgiram a partir desse amplo debate. "Não se tratou de um exercício teórico, pois se baseou em experiências reais. Não estamos falando de utopia. As centenas de oficinas realizadas neste fórum demonstram experiências concretas de formas alternativas de organização." Propostas e protestos. Esses dois ingredientes pareciam estar bem mesclados na programação. Tanto é que o evento foi aberto com uma manifestação pela paz, reunindo 50 mil pessoas, e terminou com uma outra, contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), promovida pela Via Campesina, organização que reúne os movimentos sociais do campo de 64 países do mundo. João Pedro Stédile, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), considera essas grandes concentrações de pessoas "uma espécie de pedagogia das massas em que o povo aprende a lutar, lutando na rua, e não apenas assistindo a palestras em universidade". Diante da possibilidade de repressão militar, como a que resultou na morte de um manifestante em Gênova, na Itália, e de uns trinta durante os panelaços na Argentina, Stédile considera natural tal reação. "Os privilegiados sempre vão reagir. Em alguns lugares eles têm métodos mais civilizados; em outros tentam cooptar as lideranças e em outros ainda tentam reprimir." Segundo ele, porém, não se deve cair na "paranóia" de que agora, com a guerra em escala mundial promovida pelos Estados Unidos, os serviços de inteligência vão controlar tudo. "A nossa preocupação não deve ser se vamos sofrer alguma coisa do inimigo, mas como organizar mais pobres. Essa é a tarefa dos movimentos sociais", observa Stédile. Intervenção na Palestina O médico italiano Vittorio Agnoletto, do Fórum Social de Gênova, concorda com o ativista brasileiro e faz questão de frisar uma das principais propostas que saiu de Porto Alegre: "O movimento decide que pode intervir em áreas quentes de conflito no mundo, como na Palestina, em Chiapas, no México, e na Argentina. O fórum torna-se, portanto, um sujeito social que faz política em nível internacional". A idéia é realizar ainda este ano uma sessão extraordinária do fórum. Essa proposta partiu da delegação italiana (a segunda maior, com quase 1 mil pessoas, depois, é claro, da brasileira) e foi aprovada pelo Comitê internacional, formado por mais de setenta entidades. Mas nem tudo foi um mar de rosas. Ponto de unanimidade nas críticas diz respeito à própria forma de representação dos delegados. "Na verdade, o fórum ainda não é mundial. Está muito ocidental e cristão", observa Stédile. "É esse o grande desafio pela frente. Temos a representação de muitos países, mas a maioria deles envia apenas alguns delegados. E no caso da África e da Ásia a situação ainda é pior." Para Agnoletto, "é preciso também descentralizar e envolver os movimentos locais". Nesse sentido, toma corpo a proposta de intensificar ainda mais a preparação ao fórum mundial, que no ano que vem volta a se realizar em Porto Alegre ? por apresentar, no momento, a melhor infra-estrutura disponível. "Pretende-se organizar também fóruns continentais", explica Stédile, que integra o Comitê nacional. "Isso vai permitir maior participação de delegados. Por outro lado, a estratégia é começar a fazer fóruns sociais temáticos, assim como Porto Alegre fez sobre educação no ano passado." Na Sala 2 da PUC, o indiano Siddhartha contou uma parábola que, certamente, resume o espírito do que se viveu no fórum. É mais ou menos assim: "As formiguinhas estavam andando por aí afora, e uma disse que não tinha objetivo de vida, que não sabia o que fazer. Ela viu que tinha um monte de formiguinhas subindo um morro e escutou uma voz que dizia: 'Vai lá em cima, lá em cima!'. Várias vezes ela escutou essa voz que a estimulava a ir sempre mais adiante e derrubando quem ela visse pela frente. Quando ela chegou no topo do monte, disse: 'Ué, não tem nada aqui!'. E uma outra formiguinha falou: 'Não conta nada pra ninguém!'". Moral da história: "Não somos indivíduos lutando por espaço, mas somos pessoas relacionando entre si e com a natureza, horizontalmente. Todos juntos, lutando por um mundo melhor". Tribunal da dívida "A dívida externa é injusta, ilegítima e insustentável", diz o veredito. "A dívida externa dos países do Sul, por ter sido constituída fora das leis nacionais e internacionais e sem consulta à sociedade, por ter favorecido exclusivamente as elites em detrimento da maioria da população, e por ferir a soberania nacional, é ilegítima, injusta e insustentável ética, jurídica e politicamente. Os acusados são, bancos e corporações transnacionais, governos do norte, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial, outras instituições financeiras internacionais e seus colaboradores no Sul." É esse o veredito do Tribunal Internacional da Dívida, que se realizou no âmbito do Fórum Social Mundial, reunindo centenas de pessoas de mais de cinqüenta países e será encaminhado diretamente ao FMI e Banco Mundial em abril, quando essas instituições se reunirão em Washington, nos Estados Unidos. Durante três sessões, os jurados ouviram mais de 15 testemunhos de pessoas que denunciaram as condições de miséria em seus países, originadas na dívida que os governantes contraíram, mas não utilizaram o dinheiro em benefício do povo. O corpo de jurados foi constituído pelo Nobel da Paz Adolfo Perez Esquível, Yvone Yanez, do Equador, Sekhou Diarra e Tamba Tembile, do Mali, Dennins Brutus, da África do Sul, Shelly Emalyn Rao, de Fiji, Pedro Ross, de Cuba, Marie Frantz Joachim, do Haiti, Rosemary Nyere e Rogate Mshana, da Tanzânia. A argentina Nora Cortinãs, que participou da presidência do evento, diz que o tribunal foi simbólico, mas revela um sentimento de insatisfação popular difuso em vários lugares do mundo. A idéia é de a iniciativa seguir adiante com outras modalidades, como as auditorias da dívida. "Aprovamos a realização de auditorias independentes das dívidas externas nos respectivos países para que seja feita uma verificação contábil e jurídica, com intenção de estabelecer se existe uma dívida a pagar. É importante também envolver o maior número de pessoas nessas iniciativas." BOX Agenda Os movimentos sociais de todo o planeta presentes ao Fórum Social Mundial definiram uma agenda de manifestações em comum para 2002. "Chamamos a reforçar nossa aliança mediante o impulso de mobilizações e ações comuns pela justiça social, o respeito dos direitos e liberdades, a qualidade de vida, a eqüidade, o respeito e a paz", diz o documento assinado por dezenas de entidades. Um desses protestos já foi, inclusive, realizado durante o fórum. A manifestação contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) culminou com o lançamento de um plebiscito a ser realizado em diversos países latino-americanos. No Brasil, deve acontecer durante a Semana da Pátria, em setembro. Em seguida, algumas mobilizações mundiais: 15-16 de março, em Barcelona, na Espanha ? Reunião dos Chefes de Estado da Europa 18-22 de março, em Monterrey, nos Estados Unidos ? Conferência das Nações Unidas sobre o Financiamento ao Desenvolvimento 17-18 de maio, em Madrid, na Espanha ? Reunião de Chefes de Estado da América Latina, Caribe e Europa 8-13 de junho, em Roma, na Itália ? Reunião Mundial sobre Alimentação da FAO Julho (data a ser definida), em Rocky Mountains, no Canadá ? Reunião do G-8 Setembro, em Johannesburgo, na África do Sul ? Conferência sobre meio ambiente Rio + 10 Outubro (data a ser definida), em Quito, no Equador ? Fórum Social Continental: "Uma nova Integração é Possível"
- Prev by Date: Per i romani
- Next by Date: Piano di azione contro l'ALCA (accordo di libero commercio delle americhe) e appello di Casaldalilga
- Previous by thread: Per i romani
- Next by thread: Piano di azione contro l'ALCA (accordo di libero commercio delle americhe) e appello di Casaldalilga
- Indice: